6 Dicas Importantes para Evitar o Temido BURNOUT

Imagem: google

A última publicação da revista Exame trouxe como matéria principal a Síndrome do Burnout, que gerou grande repercussão. Isso levanta um sinal alarmante, pois indica que os brasileiros, atualmente, estão estafados com seus trabalhos a ponto de adoecerem.

Em 2018, a síndrome do Burnout foi reconhecida como um diagnóstico médico legítimo e inserida na Classificação Internacional de Doenças (ICD-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento descreve o Burnout da seguinte forma (tradução livre):

“O Burnout (esgotamento) é uma síndrome conceitual resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizado por três dimensões:

 1) sentimentos de esgotamento de energia ou exaustão;

2) maior distanciamento mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados a ele; e

3) eficácia profissional reduzida.

O Burnout refere-se especificamente a um fenômeno do contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.”

Não é difícil identificar-se com um ou mais dos três tópicos listados acima, afinal, quem nunca se sentiu exausto e desanimado a ponto de apenas conseguir pensar no quanto você gostaria de deixar o seu emprego.

Alguns anos atrás eu vivi essa experiência, quando trabalhava em uma empresa multinacional de consultoria, não cheguei a desenvolver o Burnout, mas atingi um dos picos de estresse mais altos da minha vida.

Eu me sentia cansada o tempo todo, só reclamava, era grosseira com as pessoas e não via meu rendimento melhorar. Além disso, meu corpo começou a dar sinais de fraqueza, tinha sono agitado, minhas costas eram cobertas de espinhas, tinha uma leve gastrite que me impedia de comer alguns alimentos, e ficava constantemente gripada devido à baixa imunidade.

Como resultado, eu deixei a empresa para abraçar a oportunidade de empreender. Colocando dessa forma parece até que foi uma ótima escolha, mas não foi. Eu não fiz uma transição de carreira adequada, eu simplesmente saí correndo daquele lugar porque já não sabia mais como lidar com o estresse, e isso me gerou muitas consequências desagradáveis que perduraram anos.

Por esse motivo, gostaria de compartilhar com vocês as 6 principais situações[1] que causam o temido BURNOUT e o que você pode fazer para evitá-las:

        1. Carga de Trabalho: Se você se sente constante sobrecarregado, isso indica que você dificilmente tem a oportunidade de parar, descansar e se reequilibrar. Para entender o estresse gerado pela carga de trabalho, observe com cuidado como estão suas habilidades-chave de gerenciamento de tempo:

– Planejamento do trabalho;

– Definição de prioridades;

– Delegação de tarefas;

– Dizer “Não”; e

– Abandonar o perfeccionismo.

Organizar essas estruturas pode lhe proporcionar períodos de descanso, ou ao menos desaceleração. Para algumas pessoas, reduzir o sentimento de sobrecarga reduz significativamente a sensação de Burnout.

          1. Percepção de Falta de Controle: o seu chefe lhe envia mensagens o dia todo até altas horas da noite; você tem de responder os e-mails que entram na sua caixa quase que imediatamente; as prioridades no seu local de trabalho estão constantemente mudando e você nunca sabe o que deve fazer primeiro; você não tem uma estrutura que lhe proporcione acesso à recursos físicos e humanos adequados para você fazer seu trabalho.

Conseguiu identificar-se com alguma dessas situações?

Quando sentimos que não temos controle sobre o que fazemos, nossa qualidade de vida cai vigorosamente.

Nestes casos, tente mudar o seu cenário usando a comunicação: converse com seu chefe sobre horários de trabalho, e tente estabelecer um limite; organize uma lista com seus afazeres e alinhe com seu superior ou colega o que realmente é prioridade, por exemplo. Desta forma, você conseguirá entender o que é possível ser modificado com um pouco de influência e o que não mudará de jeito nenhum.

3. Gratificação: você dá o seu sangue pelo trabalho, mas sente que o que recebe em contrapartida não condiz com o que você merece por tanto esforço. O que você precisa para se sentir reconhecido? Se for um aumento ou uma promoção, ou a necessidade de receber mais feedbacks, ou que eles sejam mais específicos: converse com seu chefe. Talvez você queira tirar alguns dias de folga para compensar um banco de horas, fale com ele também. É importante criarmos nossas próprias oportunidades, afinal, o NÃO você já tem.

        1.  4. Comunidade: como é o clima no seu ambiente de trabalho, e seu relacionamento com seus colegas e clientes? Quando não temos o poder de escolher com quem iremos trabalhar, podemos ao menos tentar mudar a dinâmica do ambiente. Quando uma pessoa na equipe está estressada, ela contamina todos os que estão ao seu redor, e o mesmo acontece com a gentileza. Dê um “bom dia” animado para seus colegas, pergunte a eles como estão e (realmente) escute sua resposta, envie um e-mail de agradecimento para alguém por sua ajuda, mude o tom que usa para falar com as pessoas, sem julgamentos.

Você vai perceber que, quando mudar seu comportamento com relação às pessoas, elas mudarão o comportamento delas com relação a você.

5. Equidade: você sente que recebe o mesmo tratamento que os seus pares? Se o motivo for o sentimento de inequidade, manifeste-se! Às vezes os vieses não são tão óbvios para todas as pessoas, então diga como se sente e o que você quer, entenda o que está gerando o problema e se existe uma forma de remediá-lo. Engaje-se em resolvê-lo com seu líder e sua empresa.

6. Incompatibilidade de Valores: quando os seus valores não são compatíveis com os valores do local onde você trabalha o engajamento e a motivação serão difíceis mesmo! Observe se esse é um problema da empresa como um todo, ou apenas da sua liderança direta, e verifique se eles estão dispostos a flexibilizar e mudar. Se a incompatibilidade for muito grande e beirar o insuportável, considere fazer uma mudança, seja de empresa, de local, de sociedade.

O Burnout não é um problema simples, justamente porque apresenta diferentes facetas. Então, antes que você tome uma decisão da qual se arrependa posteriormente, como pedir demissão ou fazer uma transição de carreira mal planejada como eu fiz anos atrás, faça uma análise dos seus contextos, entenda exatamente o que está contribuindo com seu estresse e tente fazer mudanças e/ ou adaptações antes de bater o martelo e dizer “chega”.

[1] A divisão que usei foi criada em 1999 pelos pesquisadores Christina Maslach e Michael Leiter da Universidade da California em Berkeley e Universidade Acadia, respectivamente. Eles batizaram o modelo de “Areas of Worklife model” – Modelo de áreas da vida profissional, o qual identifica as seis áreas mais propensas ao desenvolvimento do Burnout.

 

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