Meu pai veio da Coréia do Sul para o Brasil quando tinha apenas 8 anos de idade, e apesar de todas as dificuldades que passou em termos de adaptabilidade devido às gigantescas mudanças cultural e financeira, ele superou todas as adversidades e chegou até à famigerada Faculdade de Medicina da USP aos 18 anos. Aos 27 anos conheceu e casou-se com a minha mãe. Aos 37 já era pai de 5 filhos!
Meu pai sempre trabalhou MUITO, mas em casa, apesar da saudade que sentíamos dele, nós NUNCA sentimos sua ausência, pois quando ele estava presente ele estava REALMENTE presente, ele podia estar só o pó, mas fazia questão de nos dar toda a atenção do mundo.
Já me peguei pensando se eu seria capaz de passar por tudo o que ele passou e ainda alcançar os resultados com a maestria com que ele alcançou, mas cheguei à conclusão de que não é possível chegar a uma conclusão. O racional é simples: nossa vivência é diferente, os tempos são diferentes, nossos recursos internos e personalidade são diferentes, somos seres individuais, portanto, incomparáveis.
Comparar-me a ele ou a qualquer outra pessoa é como exercitar-se na esteira, você vai andar, andar e andar, recalcular a velocidade diversas vezes, mudar a estratégia, mas não sairá do lugar. Quando admiramos alguém, o melhor caminho é perceber quais as características mais estimamos nessa pessoa e incorporá-las em nossa vida, da forma que mais fizer sentido para cada um nós.
Hoje, pensando em tudo que vivemos, tenho muito claro em minha mente que cada ação do meu pai estava direcionada ao alcance de suas metas, e ele mantinha-se motivado durante a jornada por um propósito. Ele adotou uma estratégia eficaz que possibilitou sua “mobilidade”, ou seja, ele sabia exatamente onde estava, para onde estava indo e o porquê, então movimentava-se sempre nessa direção.
Sua meta, em termos gerais, era “trabalhar e ganhar dinheiro” (como ele costumava dizer), assim que atingia uma meta já traçava a próxima e assim sucessivamente, mantendo seu foco sempre nas ações necessárias para atingir seu objetivo. Seu propósito, por outro lado, era manter sua família sempre saudável e feliz, e ele trabalhou muito para conseguir prover para um núcleo que incluía uma esposa e cinco crianças!
Em todos esses anos ele não deixou a peteca cair porque, em nenhum momento, ele esqueceu qual era seu propósito, e isso o impulsionava para frente, independente das dificuldades e independente de qual era sua meta. Mesmo sem saber, meu pai nunca confundiu meta e propósito, o que poderia ter comprometido sua mobilidade e alterado todo o caminho cheio de realizações que percorreu até aqui.
Foi observando e ouvindo esses ensinamentos que entendi que liberdade é compreender que nós sempre podemos fazer a escolha de nos movermos na direção que quisermos, independente de acontecimentos passados. Mobilidade é “habilidade de movimento”. E esse movimento, apesar de trazer mudanças, não leva necessariamente ao sucesso, para isso, é necessário seguir uma direção e ter consciência dos motivos pelos quais seguimos determinado caminho.
Lembre-se a todo momento de que existe um propósito por trás de cada mudança que vivemos e de cada meta que traçamos, e mantenha o foco nas ações que o levarão ao resultado desejado, caso contrário, a mobilidade será apenas movimento e este não será capaz de removê-lo da conformidade.