O descontentamento é o primeiro passo para o desenvolvimento

Rolando o feed do Instagram esse fim de semana, vi o post de uma digital influencer russa, chamada Miroslava Duma, em que com uma foto dela (sempre) elegante comentou brevemente sobre sua mudança de vida após ter sido diagnosticada com uma doença rara no pulmão no início deste ano. Os médicos haviam dado a ela apenas 7 meses de vida na época. Na publicação, ela fala sobre ter “parado de correr a maratona” e percebeu o quanto queria continuar vivendo com as pessoas que ama.

Ela diz que pela primeira vez ela “notou o azul do céu e o lindo verde das árvores”, confessou que passou toda a sua vida tão obcecada por obter “curtidas” física e digitalmente, que acabou vivendo anos que descreveu como sendo cheios de “autocríticas e dúvidas, estresse, dietas, forçando seu organismo até seu sistema imunológico colapsar”.

Hoje, aos 34 anos, ela parou de medir seu sucesso por indicadores externos, e passou a considerar o que carrega dentro de si como sendo mais importante.

Coincidentemente, no mesmo dia, coloquei meu podcast para tocar enquanto preparava o almoço e o assunto que se discutia era bastante similar, o que chamou minha atenção. Tratava-se de uma entrevista com o diretor de cinema Tom Shadyac, que ficou famoso por escrever e dirigir as comédias Ace Ventura: Pet Detective, O Professor Aloprado, O Mentiroso e Bruce Almighty.

Na entrevista, Shadyac narra seu processo de mudança de vida após sofrer um acidente de bicicleta que quase o matou. Ele abandonou uma vida materialista para viver uma vida simples, de acordo com seus valores, em um trailer, e afirma que é mais feliz hoje do que jamais havia sido em seus tempos de luxo e ostentação.

É triste perceber, através de histórias como essas, que algumas pessoas buscam uma significativa mudança de vida apenas após passarem por uma situação intensa ou traumática, situação que as fazem parar o ritmo frenético do dia a dia, que as fazem valorizar e entender a fragilidade da vida e a refletir sobre quem elas são, o que elas querem, o que faz sentido para elas.

Essa mudança nada mais é do que o exercício do autoconhecimento, de entender o que você valoriza e prioriza, é sobre mudar crenças que limitam suas ações e o impedem de seguir adiante.

Trata-se de dar valor ao tempo, ao seu tempo, que é o bem mais precioso que nós temos. Cada minuto que vivemos uma vida que não queremos, é um minuto a menos de uma vida que poderia nos trazer mais sentido, propósito e satisfação.

Eu, Lúcia, passei por um processo de desenvolvimento pessoal quando percebi que meu jeito estressado e grosseiro estava me afastando das pessoas que eu amava e prejudicando meus relacionamentos. No meu caso, um término de relacionamento bastante doloroso acabou me forçando a essa reflexão. Hoje, penso no tempo que eu perdi vivendo uma rotina e nutrindo comportamentos que só me faziam mal, mas agradeço por ter descoberto isso cedo o suficiente, o que me impediu de construir uma vida inteira pautada em uma mentira.

E utilizo a palavra “mentira” por se tratar de um ato de enganar, de se enganar, acreditando que determinada vida faz sentido para você quando não faz. Viver no piloto automático torna-se um hábito e hábitos são difíceis de mudar, requerem muita força de vontade, dedicação e principalmente paciência. Requerem que um investimento seja feito, literalmente, em você, requerem tempo para pensar e refletir, requerem momentos de ócio. Inclusive, o ócio parece ter sido proibido pela própria constituição atualmente, de tão rechaçado.

Mas a agenda está lotada, a vida está “uma correria”, as pessoas não têm tempo para pensar nessas coisas hoje em dia, não é mesmo?!

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