Minha Transição de Carreira: quando a gente percebe que não está louca, mas que a vida é!

 

Se fossemos colocar a minha trajetória profissional em um gráfico ele seria mais ou menos assim:

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Quando eu estava prestando vestibular fui convencida de que deveria fazer a faculdade de Direito, porque sempre tive uma escrita muito boa, era ótima numa discussão e sempre defendi meus pontos de vista com bastante segurança e, além disso, o curso de direito “abre um leque de possibilidades”, como se isso fosse suficiente para definir toda a vida de uma pessoa.

Então, eu descartei a faculdade de arquitetura que eu havia considerado, porque amo desenhar, e a de odontologia, porque sempre fui fera em áreas biológicas.

A sociedade, naquela época, pregava que deveríamos fazer uma faculdade mais ‘clássica’, que nos desse mais segurança sobre nossas opções para o futuro e uma carreira promissora. E, apesar de não existir ainda, eu ficava me imaginando em um cenário exatamente como o da série Suits, que é o sonho de todo ‘projeto de advogado’ por aí.

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Quando a faculdade e a vida pós-faculdade não são exatamente o que você pensava

Posso dizer que foram 5 anos bem desgastantes, estudando matérias que não faziam sentido nenhum para mim, batendo perna de fórum em fórum, e sendo, muitas vezes, hostilizada por advogados recém-formados arrogantes.

Saindo da faculdade, fui trabalhar como consultora tributária em uma grande multinacional. Eu não amava o que eu fazia lá, mas gostava da empresa, dos meus colegas e do intenso aprendizado diário.

Eu trabalhava em um ritmo frenético, dormia pouco e vivia estressada. Em 2012, fui alocada para um projeto de outsourcing em uma grande varejista, para ajudá-los no gerenciamento dos processos judiciais tributários da empresa. Eu detestava o trabalho, e o clima organizacional era péssimo.

Fiquei ali durante alguns meses e, nesse período, fui apresentada ao meu futuro sócio, que fez a mim e minha irmã uma proposta para abrirmos uma empresa de importação de produtos médicos. Como sempre quisemos ter a nossa própria empresa, por acharmos que isso se resumia à flexibilidade e retorno financeiro (coitadas!), e eu estava infeliz no trabalho, não tive que pensar muito para tomar a minha decisão.

Não tome decisões quando estiver em um estado emocional negativo

Sem qualquer planejamento, larguei meu emprego e fui dedicar 100% do meu tempo ao nosso negócio. Nossos papéis eram bem definidos: eu cuidaria da parte jurídica e regulatória (Anvisa, Inmetro, etc), minha irmã da parte financeira e nosso sócio da área comercial que era, sem dúvidas, o seu forte.

O problema é que ninguém havia contado para nós (e cometemos o erro enorme de não nos informarmos adequadamente com antecedência) que o mercado de produtos médicos no Brasil não é apenas burocrático, é muito burocrático! Coloquei todas as minhas reservas financeiras na empresa para conseguir fazê-la girar enquanto não tínhamos nenhum produto em mãos, porque as aprovações dos registros de produtos pela Anvisa são muito demoradas.

O tempo passou, e essa rotina foi me desgastando, não apenas pela dificuldade de colocar os produtos no mercado, mas meu sócio estava perdendo o foco, se afastando cada vez mais da empresa (e, portanto, não vendendo como deveria) e eu e minha irmã sofríamos constantemente com o ceticismo por parte dos machistas de plantão no mercado. E posso afirmar para vocês que, quando se sofre esse tipo de discriminação constantemente, manter-se motivada torna-se uma tarefa bastante complexa.

Fiquei na empresa por 7 anos, trabalhando muito, aprendendo muito, mas fazendo tudo isso sem qualquer propósito. Em 2018 atingi o meu limite.

Decidimos mudar somente quando batemos no fundo do poço

É engraçado como conseguimos perceber quando um ciclo termina, a sensação chega a ser física, você realmente não consegue mais levar aquilo adiante e eu sabia que insistir e continuar seria uma decisão estúpida da minha parte, mas isso chegou a cruzar minha mente, porque “desistir” de uma empresa que você fundou é muito difícil, elas são como filhos para nós.

Coincidentemente, nesse mesmo período, estava enfrentando problemas pessoais intensos que, acumulados com os problemas que estávamos tendo na empresa, acabaram culminando em um colapso mental, e tive de levantar a mão e pedir ajuda.

Vendi minha quota parte e, em janeiro de 2019, terminei minha transição. A empresa já não estava mais sob minha responsabilidade. Eu e minha irmã demos as mãos e encaramos esse momento de nossas vidas juntas.

A partir daí…branco total. Eu não tinha a menor ideia do que iria fazer da minha vida. Mas uma certeza eu tinha: iria trabalhar com algo que me trouxesse o mínimo de satisfação, um senso de propósito, de estar fazendo a diferença para alguém nesse mundo!

Decidi que queria trabalhar com pessoas. Eu já estudava temas relacionados ao desenvolvimento pessoal e inteligência emocional há algum tempo e vi como isso foi benéfico para mim, porque me ajudou a enxergar quem eu realmente era, e aonde eu queria chegar como ser-humano e profissional. Minha primeira opção era entrar no mercado como headhunter (sim, decidir voltar ao mercado também não foi fácil) para conseguir aproveitar meus anos de experiência profissional, e comecei a enviar meu currículo para as empresas.

Nesse meio tempo, fui fazer minha certificação como Life Coach, pensando no conhecimento que isso agregaria para minha futura profissão. Então, o inesperado aconteceu: eu simplesmente me apaixonei pelo ofício no primeiro dia de curso e tinha certeza, dentro de mim (sim, podemos dizer que foi uma combinação de intuição com razão) que iria exercer aquela atividade a partir de então.

Em 2019, dediquei-me quase exclusivamente aos estudos e alcancei a certificação como Master Coach pela SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching. Fiz muitos atendimentos de coaching gratuitos e sabia que conseguiria fazer isso pelo resto da minha vida, para mim, todo esse processo fluiu organicamente.

Nessa época, também redescobri meu amor pela escrita, respirei fundo, superei o meu medo de exposição e publiquei meu primeiro artigo no LinkedIn em abril de 2019. A partir daí, passei a dedicar um pouco mais do meu tempo à rede e, em poucas semanas, tornou-se a plataforma que eu mais acesso diariamente. Os textos que eu postava com intervalo de meses um do outro acabaram ganhando frequência semanal no final daquele ano, e hoje eu não consigo passar mais de dois dias sem produzir algum tipo de conteúdo.

Estou recomeçando, de novo, a minha carreira e sempre me pego pensando em como a vida nos conduz por caminhos inesperados, não importa o planejamento que você tenha para o seu futuro. E quando percebo que estou me ‘autoflagelando’ por ter “desperdiçado” tantos anos da minha vida com atividades que não me traziam alegria, penso que só cheguei até aqui justamente por ter passado por tudo isso, por ter acumulado toda essa experiência e por ter tido coragem de confrontar minha própria realidade, por mais dolorido que fosse, e assumir que eu precisava mudar o curso que minha vida tinha tomado.

Hoje, levanto-me da cama todos os dias sentindo a alegria de trabalhar com algo que faz sentido para mim, mesmo diante da incerteza de como será o dia de amanhã e sem carregar aquela pesada culpa de ter chegado aos 30 anos sem ter conquistado todas as coisas que eu imaginava que teria com essa idade (ou que me cobrava para ter com essa idade). E tudo bem!

Com o tempo, se olharmos de perto, percebemos que não somos tão pirados assim, mas que vida com certeza é muito louca, e devemos aprender a desfrutar dela em todas as suas formas!

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6 hábitos (inconscientes) que estão prejudicando a sua carreira

Você já parou para refletir no que faz todos os dias?

Você acorda, xinga o despertador, pega o celular, dá aquela conferida nas suas redes sociais favoritas, toma um banho, ‘engole’ seu café e vai para o trabalho. Chegando lá, deixa sua bolsa/mochila em cima da mesa, liga o computador, e vai pegar um café e trocar uma ideia com a colega. Você volta para sua mesa, checa seus e-mails pessoais, os de trabalho, e a rotina segue.

Acredite ou não, mas 95% dos pensamentos que temos durante um dia são automáticos. Você não precisa pensar para escovar os dentes, você simplesmente o faz, e isso acontece com tudo que incorporamos à nossa rotina!

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E uma vez na rotina, a ação vira hábito, e hábitos são muito difíceis de mudar. O tempo médio que as pessoas levam para conseguir modificar um comportamento é de 3 a 6 meses.

A boa notícia é que, com um trabalho de autoconsciência, é possível identificar quais são suas disfuncionalidades e adotar ações para excluí-las do seu dia a dia de trabalho.

Fiz uma lista dos seis comportamentos que mais prejudicam a carreira das pessoas quando não observados e gerenciados:

1.     EVITAR CONFLITOS: costumamos usar ferramentas como a fuga ou intimidação para mascarar inseguranças e evitar expor nossos medos, incertezas e erros.

Uma vez compreendida a origem e o motivo do conflito, se não souber por onde começar, procure conselhos de pessoas próximas sobre como enfrentar o problema. Você também pode utilizar-se da técnica de “experiência de referência”, e encenar a situação repetidas vezes em sua mente, dessa forma, você se sentirá menos desconfortável quando o conflito acontecer, pois seu cérebro entenderá que você já passou por um momento similar e saberá como agir.

Se estiver nervoso, comece apenas escrevendo seu plano.

É sempre melhor responder à situação direta e pessoalmente.

2.      IMPULSIVIDADE: esse hábito pode incluir respostas emocionais imprevisíveis, como raiva e frustração, o que pode gerar crises em relacionamentos e problemas de suporte e aceitação. Para evitar explosões emocionais, tente prever as consequências de antemão, fazendo-se perguntas como:

 Onde e quando é mais provável que falhe?

 Como isso será percebido por outras pessoas dentro e fora da organização?

 Que tipo de experiência eu quero criar para as pessoas que se comunicam comigo ou que estão sob a minha liderança?

Entenda quais são seus gatilhos, o que deseja mudar e faça uma lista de ações que pode adotar para evitar que tenha esse tipo de reação e, se tiver, o que você pode fazer para contorná-la.

Dei uma dica bastante simples do que pode ser feito nesse tipo de situação neste vídeo.

3.      TERCEIRIZAÇÃO DA CULPA: esse é o problema mais comum identificado por profissionais nas organizações, e é um dos principais elementos que atrapalham a resolução de problemas.

Para quebrar esse hábito, analise as situações que possibilitam que isso aconteça:

– Você/sua equipe “fizeram tudo o que puderam” e, portanto, não são responsáveis pelo resultado;

– Você/sua equipe são impotentes e, como vocês não tinham controle sobre a situação, não merecem a culpa; ou

– As outras pessoas são más, ruins ou dignas de culpa.

Não tenha medo de abraçar sua responsabilidade, assuma-a! Aprenda com seus erros, reconheça os seus limites e questione-se sobre o que pode ser feito com o controle e a influência que você possui.

4.      MANIA DE CONTROLE: isso pode ser visto pelas outras pessoas como microgerenciamento, o que gera desmotivação.

Se você tem esse hábito, considere fazer acompanhamentos espaçados para receber atualizações, compartilhe metas e métricas e ofereça conselhos enquanto capacita sua equipe. Comunique-se mais e faça alinhamentos para diminuir o controle.

Entenda que os resultados não são apenas seus, são de toda a equipe. 

5.      PERFECCIONISMO: você já deve ter ouvido falar que não se deve mencionar o perfeccionismo como “defeito” nas entrevistas de emprego. A ironia está no fato de que ele pode, sim, ser um problema! E pode atrapalhar muito a sua produtividade, da sua equipe e da sua empresa.

Se você busca por perfeição o tempo todo acaba perdendo prazos e oportunidades. Concentre-se em, por exemplo, confirmar padrões de trabalho com seus colegas, busque feedback sobre os resultados, custos e prazos.

Pergunte-se como o perfeccionismo afeta seus relacionamentos.

Você está estabelecendo padrões irreais para aqueles que o rodeiam?

6.      FOME DE PODER: os adeptos da gestão de comando e controle tendem a tomar decisões rápidas, unilaterais e alienar as pessoas ao seu redor, o que pode sobrecarregar a equipe.

Para evitar que isso aconteça, implemente medidas de responsabilização, pois a falta de responsabilidade cria um ambiente favorável para esse tipo de atitude. Para cada promessa feita, certifique-se de que ela poderá ser cumprida. Para cada decisão que tomar, forneça evidências e um plano.

Foque em conquistar (ou reconquistar) a confiança das pessoas.

Lembre-se de que essa lista não é taxativa.

Utilize-a como base para avaliar a forma como tem se comportado em seu ambiente de trabalho. Gere uma consciência sobre o que você faz, por que o faz, se isso está lhe beneficiando ou prejudicando. Esse é o primeiro passo para adoção de hábitos que contribuam com o desenvolvimento de sua carreira.

6 Dicas Importantes para Evitar o Temido BURNOUT

Imagem: google

A última publicação da revista Exame trouxe como matéria principal a Síndrome do Burnout, que gerou grande repercussão. Isso levanta um sinal alarmante, pois indica que os brasileiros, atualmente, estão estafados com seus trabalhos a ponto de adoecerem.

Em 2018, a síndrome do Burnout foi reconhecida como um diagnóstico médico legítimo e inserida na Classificação Internacional de Doenças (ICD-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento descreve o Burnout da seguinte forma (tradução livre):

“O Burnout (esgotamento) é uma síndrome conceitual resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizado por três dimensões:

 1) sentimentos de esgotamento de energia ou exaustão;

2) maior distanciamento mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados a ele; e

3) eficácia profissional reduzida.

O Burnout refere-se especificamente a um fenômeno do contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.”

Não é difícil identificar-se com um ou mais dos três tópicos listados acima, afinal, quem nunca se sentiu exausto e desanimado a ponto de apenas conseguir pensar no quanto você gostaria de deixar o seu emprego.

Alguns anos atrás eu vivi essa experiência, quando trabalhava em uma empresa multinacional de consultoria, não cheguei a desenvolver o Burnout, mas atingi um dos picos de estresse mais altos da minha vida.

Eu me sentia cansada o tempo todo, só reclamava, era grosseira com as pessoas e não via meu rendimento melhorar. Além disso, meu corpo começou a dar sinais de fraqueza, tinha sono agitado, minhas costas eram cobertas de espinhas, tinha uma leve gastrite que me impedia de comer alguns alimentos, e ficava constantemente gripada devido à baixa imunidade.

Como resultado, eu deixei a empresa para abraçar a oportunidade de empreender. Colocando dessa forma parece até que foi uma ótima escolha, mas não foi. Eu não fiz uma transição de carreira adequada, eu simplesmente saí correndo daquele lugar porque já não sabia mais como lidar com o estresse, e isso me gerou muitas consequências desagradáveis que perduraram anos.

Por esse motivo, gostaria de compartilhar com vocês as 6 principais situações[1] que causam o temido BURNOUT e o que você pode fazer para evitá-las:

        1. Carga de Trabalho: Se você se sente constante sobrecarregado, isso indica que você dificilmente tem a oportunidade de parar, descansar e se reequilibrar. Para entender o estresse gerado pela carga de trabalho, observe com cuidado como estão suas habilidades-chave de gerenciamento de tempo:

– Planejamento do trabalho;

– Definição de prioridades;

– Delegação de tarefas;

– Dizer “Não”; e

– Abandonar o perfeccionismo.

Organizar essas estruturas pode lhe proporcionar períodos de descanso, ou ao menos desaceleração. Para algumas pessoas, reduzir o sentimento de sobrecarga reduz significativamente a sensação de Burnout.

          1. Percepção de Falta de Controle: o seu chefe lhe envia mensagens o dia todo até altas horas da noite; você tem de responder os e-mails que entram na sua caixa quase que imediatamente; as prioridades no seu local de trabalho estão constantemente mudando e você nunca sabe o que deve fazer primeiro; você não tem uma estrutura que lhe proporcione acesso à recursos físicos e humanos adequados para você fazer seu trabalho.

Conseguiu identificar-se com alguma dessas situações?

Quando sentimos que não temos controle sobre o que fazemos, nossa qualidade de vida cai vigorosamente.

Nestes casos, tente mudar o seu cenário usando a comunicação: converse com seu chefe sobre horários de trabalho, e tente estabelecer um limite; organize uma lista com seus afazeres e alinhe com seu superior ou colega o que realmente é prioridade, por exemplo. Desta forma, você conseguirá entender o que é possível ser modificado com um pouco de influência e o que não mudará de jeito nenhum.

3. Gratificação: você dá o seu sangue pelo trabalho, mas sente que o que recebe em contrapartida não condiz com o que você merece por tanto esforço. O que você precisa para se sentir reconhecido? Se for um aumento ou uma promoção, ou a necessidade de receber mais feedbacks, ou que eles sejam mais específicos: converse com seu chefe. Talvez você queira tirar alguns dias de folga para compensar um banco de horas, fale com ele também. É importante criarmos nossas próprias oportunidades, afinal, o NÃO você já tem.

        1.  4. Comunidade: como é o clima no seu ambiente de trabalho, e seu relacionamento com seus colegas e clientes? Quando não temos o poder de escolher com quem iremos trabalhar, podemos ao menos tentar mudar a dinâmica do ambiente. Quando uma pessoa na equipe está estressada, ela contamina todos os que estão ao seu redor, e o mesmo acontece com a gentileza. Dê um “bom dia” animado para seus colegas, pergunte a eles como estão e (realmente) escute sua resposta, envie um e-mail de agradecimento para alguém por sua ajuda, mude o tom que usa para falar com as pessoas, sem julgamentos.

Você vai perceber que, quando mudar seu comportamento com relação às pessoas, elas mudarão o comportamento delas com relação a você.

5. Equidade: você sente que recebe o mesmo tratamento que os seus pares? Se o motivo for o sentimento de inequidade, manifeste-se! Às vezes os vieses não são tão óbvios para todas as pessoas, então diga como se sente e o que você quer, entenda o que está gerando o problema e se existe uma forma de remediá-lo. Engaje-se em resolvê-lo com seu líder e sua empresa.

6. Incompatibilidade de Valores: quando os seus valores não são compatíveis com os valores do local onde você trabalha o engajamento e a motivação serão difíceis mesmo! Observe se esse é um problema da empresa como um todo, ou apenas da sua liderança direta, e verifique se eles estão dispostos a flexibilizar e mudar. Se a incompatibilidade for muito grande e beirar o insuportável, considere fazer uma mudança, seja de empresa, de local, de sociedade.

O Burnout não é um problema simples, justamente porque apresenta diferentes facetas. Então, antes que você tome uma decisão da qual se arrependa posteriormente, como pedir demissão ou fazer uma transição de carreira mal planejada como eu fiz anos atrás, faça uma análise dos seus contextos, entenda exatamente o que está contribuindo com seu estresse e tente fazer mudanças e/ ou adaptações antes de bater o martelo e dizer “chega”.

[1] A divisão que usei foi criada em 1999 pelos pesquisadores Christina Maslach e Michael Leiter da Universidade da California em Berkeley e Universidade Acadia, respectivamente. Eles batizaram o modelo de “Areas of Worklife model” – Modelo de áreas da vida profissional, o qual identifica as seis áreas mais propensas ao desenvolvimento do Burnout.

 

Sua motivação pode ser causada pela inveja. Saiba como evitá-la.

 

Muitas são as teorias sobre o que gera motivação nos ambientes de trabalho, sobre como compreender as necessidades e desejos do seu liderado podem aumentar seu engajamento e conduzi-lo a agir desta ou daquela maneira. O campo de análise sobre o comportamento organizacional é bastante vasto nesse sentido e eu mesma estudo muito sobre o assunto.

E foi justamente durante essa jornada que me deparei com publicações acadêmicas que evidenciam que a inveja desempenha um papel dominante na sociedade como fator de motivação desde os primórdios. Contudo, falar sobre ela hoje é, nitidamente, um tabu, principalmente nos textos que falam sobre gestão.

Ocorre que, ter uma melhor compreensão do que gera a inveja acaba sendo extremamente útil, pois confere mais realismo aos estudos sobre motivação do comportamento humano nas organizações e fornece um apoio mais sólido aos profissionais, como eu, que lidam com isso diariamente.

Quando as boas intenções se voltam contra você…

Nicolas Fouquet foi um dos ministros das finanças de Luís XIV durante seu reinado no século XVII.

Fouquet vivia e contemplava a beleza e o prazer em todas as suas formas e, um dia, decidiu dar uma festa descomunal em homenagem ao rei em sua propriedade, um dos castelos mais bonitos e deslumbrantes da França, na época.

Contudo, o que era para causar agrado, acabou gerando o efeito contrário em Luís XIV e outras personalidades, o que levou à abertura de um inquérito sobre irregularidades financeiras contra Fouquet para averiguar como ele conseguia manter um estilo de vida tão luxuoso. O então ministro foi preso e condenado à prisão perpétua, morrendo 19 anos mais tarde, em uma fortaleza em Savóie, nos Alpes Franceses.

As ações do rei, motivadas pela inveja travestida de ato anticorrupção, foram a ruína de Fouquet.

Isso demonstra como ninguém nunca se atreve a confessar que sente “aquilo que não pode ser nomeado”, pois reconhecer sua presença equivale a admitir um sentimento de inferioridade e hostilidade, que podem ser destrutivos.

Mas o que nos leva a sentir esse ressentimento?

Nós nos ressentimos com as pessoas pelo que elas têm, pelo que nós queremos, ou pelo que nós sentimos que merecemos, isso porque, de acordo com o sociólogo austríaco Helmut Shoeck, “o homem experimenta uma grande necessidade de igualização”. Explico.

No ambiente de trabalho, por exemplo, a equidade existe quando os indivíduos percebem que o coeficiente de seus esforços sobre suas gratificações é equivalente à de outros colaboradores em posição semelhante, o que, em termos mais simples, significa que existe o sentimento comum na organização de que o que cada um recebe pelo seu trabalho é igual para todos os seus pares, e que ninguém está sendo beneficiado em detrimento de outros.

A inveja tem o poder de transformar pequenos desentendimentos em brigas irracionais homéricas por “justiça”.

Isso não apenas desvia a atenção do que é mais importante no trabalho em si, como também demonstra o que acontece quando baseamos nosso senso de “bem-estar” na comparação com os outros, ou no tempo que perdemos tentando impedir que os outros se comparem a nós.

Já pararam para pensar em como é paradoxal a situação que a inveja causa: falar sobre ela é um tabu, mas normalizamos sua presença em nosso dia a dia, o que tem nos tornado cada vez mais destrutivos.

O que fazer para impedir que a inveja se espalhe pelo ambiente?

Muitas pessoas associam a inveja a emoções de crianças ou adolescentes imaturos, mas não é! E torna-se tóxica quando cultivada (ou negligenciada), principalmente por líderes em uma organização.

Para evitar que a inveja gere uma cultura de comparação em sua equipe ou em qualquer contexto, o primeiro passo é o AUTOCONHECIMENTO, entender e perceber nossos próprios comportamentos invejosos, para que seja possível manter atitudes coerentes.

Quando identificar o sentimento de inveja surgindo faça-se 3 perguntas:

          1. O que “os outros” têm que fazem com que eu me sinta inferior?
          2. Como esse vazio que sinto pode ser preenchido?
          3. O que aconteceria se “os outros” não tivessem isso que eu quero?

Assim, da próxima vez que se sentir preterido para encabeçar determinado projeto, ao invés de começar a odiar o seu superior por achar que ele pensa que outra pessoa é mais competente que você, e a diminuir as qualidades da pessoa que ocupará a posição que você gostaria, procure seu líder e questione-o sobre sua decisão.

É bastante provável que você descubra que as teorias que criou em sua mente não fazem o menor sentido. E, caso você realmente não tenha as competências requeridas para o trabalho, procure entender com seu líder quais são suas lacunas, o que você pode melhorar e/ou desenvolver, acesse o seu colega considerado mais preparado para ajudá-lo (a), busque um profissional que possa apoiá-lo no alcance dessas metas.

Isso o tornará um profissional cada vez melhor, mais produtivo e preparado para enfrentar o mercado. Encare esse tipo de situação como uma oportunidade de crescimento e não de fracasso ou ressentimento.

Sempre foque sua atenção no que você pode controlar (como na interpretação dos motivos que levaram seu chefe a fazer determinada escolha e seu próprio desenvolvimento), e evite gastar energia focando naquilo que você não tem como controlar (como as motivações do seu chefe), seja gentil, humilde, consciente e, acima de tudo, viva de acordo com os seus valores.

Limitações não precisam ser limitantes

Em um experimento realizado em sala de aula pela professora da Universidade de Harvard, Laura Huang, foi entregue para cada grupo de estudantes um envelope contendo 5 dólares. Eles poderiam usar esse dinheiro como um capital inicial para criar qualquer tipo de negócio que gerasse lucro. Como resultado, os times que apresentaram maior lucratividade foram aqueles que não usaram os 5 dólares.

E eis o porquê.

Ao focar nos 5 dólares os estudantes limitaram sua visão do que seria possível desenvolver com esse valor e excluíram uma gama enorme de oportunidades, como o que poderia ter sido feito com 1, 2, 3 e 4 dólares, ou mesmo sem capital inicial algum. Essa foi a postura da maioria.

Por outro lado, os times que não focaram apenas no dinheiro foram capazes de identificar os recursos que tinham à sua disposição através de perspectivas completamente diferentes.  Os estudantes enxergaram valor no seu tempo, em suas habilidades, em parcerias e oportunidades. Aqueles que assumiram que nada tinham foram os que colheram melhores resultados.

Isso revela como encaramos as nossas limitações. Elas podem ser simples limitadoras, mas também podem ser bastante vantajosas para quem abre a mente para novas ideias, se esforça para enxergar o ambiente a sua volta com maior amplitude e através de diferentes perspectivas.

Estratégia precisa de criatividade.

Eu sei que pode soar paradoxal o fato de que limitações podem desencadear estratégias criativas, então observe: elimine uma limitação e qualquer ação que antes era possível certamente continuará sendo possível e é provável que agora ainda mais ações sejam possíveis. Contudo, isso não necessariamente leva alguém a pensar em caminhos diferentes para uma determinada situação, mas uma limitação pode estimular uma nova linha de pensamento.

Então, parece ser correto dizer que muitas restrições podem sufocar todas as possibilidades, mas a completa ausência de restrições também é um problema.

Isso me fez lembrar sobre a estratégia do oceano azul, cujo conceito é definido em livro de mesmo nome. A teoria diz que a melhor forma de superar a concorrência é parando de tentar superá-la, buscando mercados ainda não explorados, o chamado “oceano azul”. Esse conceito pauta-se basicamente na inovação do modelo de negócio através da sua curva de valor. E apesar de não ser algo tão simples de ser implementado, o conceito acaba ajudando as empresas na tentativa de inovação em sua curva, o que é algo positivo.

“Na metáfora marítima, o oceano azul é um local em que se pode nadar livremente enquanto os mercados já saturados são o “oceano vermelho” em decorrência do sangue derramado nas batalhas entre os concorrentes”

Quando estiver tentando pensar “fora da caixa” para construir uma estratégia inovadora, seja por questões pessoais ou profissionais, além de superar as limitações, que podem ser estimulantes, lembre-se também de considerar as abordagens a seguir:

          1. Contraste

Identifique as premissas que o pensamento convencional tem como base em sua empresa ou setor, e pense no que pode ser obtido ao provar que um ou mais desses pensamentos são falsos.

Provoque, deliberadamente, algum aspecto do seu padrão de trabalho a fim de quebrar suposições arraigadas.

          1. Combinação

Ações criativas e bem-sucedidas podem resultar na combinação de fatores que convencionalmente funcionam separadas, como combinar um tênis da Nike com um iPod da Apple, para que seja possível monitorar os passos dados pelas pessoas enquanto fazem exercícios físicos.

Separar, por exemplo, um produto em partes para vendê-las é uma forma de construir uma estratégia de contraste.

          1. Contexto

Converse sobre sua situação ou seu negócio com alguém que não atue na mesma área que você e ouça o que essa pessoa tem a dizer, ela vai lhe trazer um novo olhar sobre o que está sendo dito, o que pode gerar algumas respostas e oportunidades. Além disso, converse com pessoas que consomem o seu produto/serviço.

Estratégia, no final, nada mais é do que encontrar maneiras de criar e reivindicar valor por meio da diferenciação. E isso é difícil. Por isso, ter ferramentas que ajudam a identificar intervalos criativos durante o pensamento convencional é uma boa opção para quem busca novas descobertas.

Limitações são, sim, inevitáveis.

Mas, ao invés de simplesmente aceitá-las, entenda quais são e atente-se a elas. É possível compreender e reconhecer o seu valor, em diversas circunstâncias precisamos delas.

Quando reconhecemos as limitações, mas não as deixamos definir nossas possibilidades, podemos transformá-las em grandes vantagens.