Saber identificar e gerenciar nossos “gatilhos”​ pode mudar a nossa vida

“Diga-me com quem andas e te direi quem és”.

Todos sabemos que as pessoas com as quais convivemos, de uma forma ou de outra, acabam nos influenciando. Só que a maioria de nós passa a vida sem saber como nosso ambiente molda nosso comportamento.

Sentir, por exemplo, uma “raiva incontrolável” ao volante quando está em uma rodovia lotada não indica que somos sociopatas, pois a condição temporária de estar em um carro cercado por motoristas mal-educados e impacientes acaba desencadeando mudanças na forma como reagimos.

Mesmo que não tenha sido escolha nossa, quando estamos em um ambiente de impaciência e hostilidade ficamos alterados.

Agora, considerem a seguinte situação: você participará de uma importante reunião na empresa em que trabalha.

Não é difícil imaginar que, durante a reunião, os ânimos podem se exaltar e alguns comentários podem vir carregados de raiva, fazendo com que as trocas de farpas fiquem mais intensas e, eventualmente, tornem-se pessoalmente insultuosas. Em um ambiente inflamado, aquele que permanece calmo e sabe ouvir é quem mais será capaz de agir de forma justa.

Mas como fazer isso?

O que tenho notado em bons líderes e pessoas de sucesso é o fato de que elas nunca estão completamente alheias ao seu ambiente. Elas observam, antecipam e já se preparam para o que está por vir. Desta forma, conseguem direcionar seus esforços no sentido de criar o ambiente que desejam quando chegarem lá.

Para ilustrar o que estou dizendo, tomemos como exemplo meus colegas advogados do contencioso – eles não fazem perguntas para as quais não sabem as respostas! Toda a sua linha de questionamento é baseada em um elemento essencial: a antecipação!

Superado o desafio de desenvolver uma autoconsciência sobre os ambientes que frequentamos, nosso maior desafio passa a ser nos anteciparmos a esse ambiente. A maior parte do nosso dia consiste-se de momentos menores, “comuns”, em que não estamos tentando alcançar o sucesso, por isso dificilmente prestamos atenção ao nosso comportamento – afinal, não nos parece tão importante – e acabamos sendo incapazes de associar determinadas consequências com as situações que as causaram.

E isso não se aplica apenas a reuniões e ambientes mais complexos, mas também à ambientes tranquilos, como nossa própria casa. Ao contrário o que se presume, os ambientes mais calmos requerem, ironicamente, atenção redobrada: quando relaxamos e não estamos atentos, qualquer coisa pode acontecer!

Depois de uma longa jornada de sucesso no trabalho, voltamos para casa para aproveitar as últimas horas do dia. Podemos optar por dar um passeio, ligar para um amigo, preparar um jantar, fazer um curso online sentado na varanda ou terminar aquele livro que começamos a semana passada.

Ao invés disso, nós pegamos um saco de Torcida, uma cerveja, ligamos a TV, e nos jogamos no sofá para assistir pela 1543627820 vez um episódio de Friends.

Isso pode ser bom? Do ponto de vista de descanso mental, sim, claro! O problema é que fazendo isso todos os dias acabamos nos colocamos no piloto automático deixamos de fazer escolhas que seriam melhores para nós, agregariam mais valor ao nosso tempo, ao nosso conhecimento e à nossa vida!

Se usarmos essa consciência a nosso favor, somos capazes de nos anteciparmos ao ambiente e aumentamos nossas chances de conseguir dar continuidade ao nosso “dia de sucesso” quando chegamos em casa.

Antecipe-se aos gatilhos quando forem conhecidos - Imagem de Dustin Belt via Unsplash

Sabendo que, ao chegar, vamos olhar em direção ao sofá e à geladeira – gatilhos – e sucumbir aos velhos hábitos, podemos nos antecipar enviando uma mensagem para um amigo combinando um jantar, podemos levar nossa mochila de academia para o trabalho e ir direto de lá findo o expediente, ou até mesmo deixar o livro que queremos ler em cima do sofá para nos lembrar de fazer a leitura.

Essas ações não parecem – e não são – difíceis de executar, mas quando chegarmos cansados em casa sabemos que não encaramos a situação de forma tão branda assim.

Quando compreendemos as vantagens comportamentais que temos quando identificamos os gatilhos que existem em nosso ambiente, a única pergunta que fica é:

“O que o está impedindo de viver a vida com um pouco mais de antecipação?”

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