10 livros escritos por mulheres que marcaram a minha vida

 

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Que tipo de pessoa você é: aquela que gosta de ler ficção ou aquela que aprecia apenas não-ficção?

Apesar de gostar de variar minha leitura é muito mais focada em não-ficção e, quando leio ficção, a história geralmente tem um fundo bastante realista, narrando a trajetória de personagens que poderiam facilmente ser pessoas que poderíamos conhecer na vida real.

Eu optei por trabalhar com desenvolvimento humano justamente porque sempre tive um grande interesse em estudar o comportamento das pessoas, amo a imensidão da diversidade e acredito que isso é o que torna o mundo a nossa volta tão interessante!

Alguns dos livros que trazem essas características marcaram a minha vida e, coincidentemente, foram escritos por mulheres, algumas mais conhecidas, outras menos, mas todas trazem um conteúdo incrível de aprendizado e reflexão.

Independente do tipo de leitor que você é, vale a pena conferir esses títulos, seja para se aprofundar algum assunto, para ampliar suas perspectivas ou simplesmente diversificar sua leitura.

Seja como for, leitura é conhecimento e conhecimento NUNCA É DEMAIS!

Destaque para o fato de que quando terminei esta lista percebi que ela é quase uma volta ao mundo, pois traz autoras do Brasil, Estados Unidos, África, e até Coréia do Sul! Além disso, os livros não seguem uma ordem de preferência, mas cronológica:

1.      CLARICE LISPECTOR – A HORA DA ESTRELA

É o último romance escrito por Clarice Lispector, eu o li pela primeira vez quando estava no ensino médio e fiquei meio obcecada pela história de Macabéa, alagoana de 19 anos que vai morar com uma tia no Rio de Janeiro. A riqueza com que Clarice descreve os personagens e narra os sofrimentos tão reais da jovem me tocaram fundo: órfã, pobre, maltratada, inocente, o livro aborda os sonhos, as manias e os conflitos internos da garota. Sempre atual, é uma história que nos faz refletir sobre a dura realidade de muitos brasileiros, a diferença (e indiferença) entre classes sociais, as diferentes faces das pessoas e o que nos leva a tomar decisões questionáveis no dia a dia.

2.      XINRAN – CARTAS DE UMA MÃE CHINESA DESCONHECIDA

A jornalista Xinran conseguiu abordar de forma gentil e leve um tema que foi bastante polêmico na China por muitos anos: a política do filho único. Com uma narrativa simples, ela faz o leitor refletir e chorar em diversos momentos, pois expõe através de relatos dolorosos o desespero das mães que tiveram de abandonar ou matar suas filhas, ou acabaram se matando por ter de tomar essa decisão.

Xinran, que é muito popular em sua terra natal por dar voz às mulheres chinesas, permite através desse livro que o resto do mundo tenha um olhar mais claro e profundo dos impactos e resultados desastrosos que uma política governamental pode infligir ao seu povo.

3.      SHERYL SANDBERG – FAÇA ACONTECER

COO do Facebook e fundadora do movimento Lean in que oferece apoio profissional às mulheres de todo o mundo através de círculos sociais locais, Sheryl Sandeberg não se constrange em expor todas as situações discriminatórias que enfrentou durante sua carreira pelo simples fato de ser mulher. A leitora consegue se imaginar no lugar dela, enfrentando situações embaraçosas causadas por viés de gênero em diversos momentos, mas Sheryl tira as mulheres do canto da sala e as jogam no centro das discussões dentro das organizações. Para os leitores do sexo masculino, fica a conscientização sobre como esse tipo de discriminação impacta os ambientes de trabalho como um todo e o que pode ser feito para que isso não aconteça.

4.      CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE – SEJAMOS TODOS FEMINISTAS

Um pequeno livro que passa uma mensagem poderosa, Sejamos Todos Feministas é uma adaptação da palestra de Chimamanda no TEDx Euston, em que conta um pouco da sua história, sobre quando ouviu a palavra “feminista” pela primeira vez e o impacto que isso causou em sua vida. Esse livro me deu uma nova perspectiva sobre a forma como as pessoas encaram a igualdade entre homens e mulheres em outros cantos do mundo. Leitura fluida, gostosa e rápida. Vale a pena conferir.

5.      J.K. ROWLING – MORTE SÚBITA

Primeiro livro lançado pela autora após finalizar a saga Harry Potter, surpreende o leitor desavisado que não encontrará nenhum traço de magia nessa história. Ambientado em uma pequena (e não muito pacata) cidade inglesa, o livro mostra os valores conservadores dos moradores de classe média do local caírem por terra quando as verdades sobre os membros da sociedade começam a vir à tona. J.K. Rowling faz uma crítica social inteligente, que constrói em torno da polêmica do enredo principal. A narrativa é feita em terceira pessoa, envolve muitos personagens, é longa e cheia de elementos descritivos bem ao estilo da autora, que eu, particularmente, gosto. Mas é importante avisar que esse livro, ao contrário da saga que a fez famosa, não agrada gregos e troianos.

6.      LEE BAY YOUNG – WOMEN IN KOREAN HISTORY

Minha irmã comprou esse livro quando esteve na Coréia do Sul, alguns anos atrás. É claro que ele imediatamente me atraiu pelo fato de contar um pouco da história e da cultura coreana (da qual sou descendente), e mais ainda por focar na vida das mulheres através das dinastias, principalmente a de Joseon, que fora construída sobre ideais confucionistas que marginalizaram e diminuíram o papel e a importância das mulheres da sociedade coreana do século 18.

A narrativa aborda desde a vida de rainhas ousadas, que detinham o poder e reinavam nos bastidores, até a vida de mulheres simples e reprimidas, que chegavam a decepar o próprio braço se encostassem em um homem, para manter a honra de sua família.

7.      TILAR MAZZEO – A VIÚVA CLIQUOT

Por estar investindo em minha formação como sommelier sou suspeita para falar sobre esse livro, mas ele me surpreendeu de forma muito positiva. Tilar Mazzeo fez um trabalho de mestre destrinchando os poucos documentos que foi possível encontrar sobre Nicole Marie Cliquot, a viúva Cliquot, que transformou o pequeno negócio de vinhos da família em um império após a morte precoce de seu marido no século 19.

Em uma época em que “lugar de mulher era dentro de casa cuidando dos filhos”, Nicole ignorou todas as regras que limitavam a atuação das mulheres, teve apenas uma filha, tomou a frente dos negócios através do aprendizado que seu pai lhe passou, criou a técnica de remuage para fabricação de vinhos espumantes e tornou-se uma das pessoas mais ricas da França.

8.      MICHELLE OBAMA – MINHA HISTÓRIA

Admiradores ou não do casal Obama, essa autobiografia traz informações interessantes sobre os bastidores da política nos Estados Unidos, nos dá um vislumbre do que é viver na imensa Casa Branca, e conta, sob a perspectiva de Michelle, como era a vida das pessoas negras em Chicago nas décadas de 60 e 70. No livro, ela também aborda de forma aberta sobre tudo que pavimentou seu caminho para chegar à Universidade de Harvard, dos valores de sua família, e até da popularidade do seu irmão, que até hoje é seu melhor amigo. Em minha opinião, leitura imperdível.

9.      MELANIA GATES – O MOMENTO DE VOAR

Livro curto, conciso, direto e fluido. Sua leitura nos delicia e impressiona ao mesmo tempo. Melania não tem vergonha de falar sobre seus privilégios, e contar como a vida das pessoas que conheceu viajando por países pobres a chocou e a levou a mudar os rumos de atuação da Instituição que mantém com o marido, Bill Gates. Esse livro mudou a percepção que eu tinha do famoso casal.

10.  RUPI KAUR – OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA

E, para terminar, um livro de poesia! Sei que esse gênero narrativo não é o mais apreciado pelas pessoas em geral, mas Rupi o utiliza como ferramenta para passar sua mensagem de vida, sofrimento, feminismo e empoderamento de forma impactante e leve. Através da poesia ela conseguiu transmitir tudo o que guardava dentro de si e conquistou a posição de um dos livros mais lidos do The New Your Times.

E ai, qual deles vai entrar para a sua lista de leituras deste ano?

7 dicas para as futuras mamães arrasarem no planejamento financeiro

Imagem Midia Village

Eu e a minha irmã mais nova, Karina, temos um ano e meio de diferença uma da outra e, apesar de termos personalidades totalmente opostas, ela sempre foi o yin para o meu yang.

Eu sempre rio quando me lembro de uma história que minha mãe nos contou sobre quando éramos crianças: nós duas estávamos com nossos pais em uma loja de brinquedos e deveríamos escolher um presente cada, de dia das crianças, eu escolhi um boneca cheia de enfeites, que falava, andava e acontecia, e a Ka escolheu um telefone de plástico, simples, que não tinha teclas, não emitia um som, não fazia nada, enfim…deu para entender a diferença, certo?!

Ela foi minha sócia por 7 anos, e após o hiato de um ano, decidimos fazer uma parceria, mas desta vez na forma de artigo. Este artigo!

A ideia surgiu em uma de nossas conversas, em que me contava sobre as dificuldades e as dúvidas que ela tem enfrentado desde que descobriu que estava grávida (no final do ano passado), e como ela e o companheiro têm se organizado desde então para a chegada do bebê. É misto de euforia, alegria e preocupação…muita preocupação, principalmente financeira.

A Karina e o Daniel, pai do meu sobrinho, são assessores de investimento, então, para eles, montar um planejamento financeiro não foi tão complicado como normalmente é para a maioria das pessoas, por isso, achamos que seria interessante compartilhar algumas dicas com vocês!

As dicas que a Ka escolheu foram baseadas na experiência pessoal DELA, e como profissional da área financeira, ela pontuou o que acha importante que as futuras mamães e papais saibam enquanto aguardam a chegada da cegonha. Portanto, leiam as dicas com calma e veja o que faz sentido para VOCÊ e SUA FAMÍLIA!

E para que elas se tornassem realmente imbatíveis, acrescentei algumas dicas de comportamento e inteligência emocional, que vão ajudá-los a manter o equilíbrio necessário para enfrentar essa fase cheia de emoções com mais tranquilidade.

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Bom, vamos às DICAS:

1.      INICIALMENTE, NÃO FAÇA NADA: Não, isso não é uma brincadeira de mal gosto. A questão é a seguinte: não inicie nada ou tome qualquer decisão enquanto estiver em um estado emocional intenso. É possível que, com a notícia de que a família irá aumentar, você se sinta feliz, angustiada, preocupada, nervosa, tudo ao mesmo tempo, é uma enxurrada de emoções, e esse é o PIOR momento para mexer um palito. Então, deixe as emoções se acalmarem primeiro e depois inicie seu PLANEJAMENTO.

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2.      COMECE A POUPAR: Sim, básico. Para alguns, o óbvio ululante. Mas a maioria dos brasileiros ainda não tem esse hábito. O ideal mesmo é começar a fazer sua reserva financeira antes de pensar em estender a família, pois imprevistos sempre acontecem! Mas se esse não é o seu caso, comece a poupar AGORA, lembrando que as despesas começam a chegar antes mesmo do bebê nascer, com quarto, enxoval, roupas para gestantes, pré-natal e despesas hospitalares (para quem não tem plano de saúde), etc.

No caso da Ka, ela ainda teve de procurar um apartamento maior, se também é o seu caso, adicione uma possível mudança de moradia como um potencial gasto, e sua organização e foco para poupar terão de ser maiores.

3.      LISTE DESPESAS FUTURAS: Quais serão os seus gastos durante a gravidez, no parto e, posteriormente? Não deixe de considerar fatores que podem lhe parecem improváveis, que são difíceis de encarar, mas que podem acontecer, como uma depressão pós-parto, complicações decorrentes do parto, etc.

Faça uma planilha para gerenciar quanto está gastando, com o que está gastando, e faça uma estimativa de qual será o seu custo fixo mensal com a chegada do bebê.

Planilha- autoria Karina Choi

4.      CORTE DESPESAS SUPÉRFLUAS: pesquisas indicam que os gastos familiares aumentam cerca de 30% durante os preparativos para a chegada do novo membro da família, por este motivo, no curto prazo, é prudente eliminar os gastos que considera supérfluos.

A Ka, por exemplo, redirecionou o dinheiro que gastava com vinhos (ela é sommelier), eventos sociais que costumava frequentar e academia para outras demandas.

5.      REORGANIZE SUAS PRIORIDADES: Esse tópico está diretamente relacionado ao anterior. A dificuldade na organização de prioridades em sua mente acaba gerando distração, e isso pode atrapalhar todo o seu planejamento. Sua vida irá mudar drasticamente em diversos aspectos, por isso, neste momento, é imprescindível manter o foco!

6.      INICIE O PLANEJAMENTO FINANCEIRO DO SEU FILHO(A): com o orçamento familiar organizado, (receitas e despesas), entenda qual é o melhor investimento que você pode fazer para o longo prazo, como uma previdência privada. Se estiver inseguro para tomar essa decisão, peça ajuda a uma assessoria especializada, alguns deles prestam consultoria sem custo algum.

7.      SEGURO DE VIDA: as pessoas que trabalham no regime de CLT costumam receber o seguro de vida como um benefício da empresa, mas se você tiver condições financeiras pense também em investir em um seguro de vida privado (esses seguros costumam ser caros), isso garantirá a escolaridade e conforto da criança, caso o pior aconteça (“bate 3 vezes na madeira”).

Além disso, os filhos crescem, fazem cursos, faculdade, viagens…É importante manter uma visão de longo prazo sobre essas novas despesas. Em um mundo dinâmico, vulnerável, cheio de instabilidades e incertezas, pense em garantir para você e sua família uma tranquilidade que poucos conseguem alcançar.

Dadas as dicas, gostaria de lembrá-las de que eu, Lúcia, e a Karina estamos à disposição para conversar com vocês e esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir!

Apesar de estarmos no mês em que se comemora o dia internacional das mulheres, é sempre importante lembrar que a troca de experiências é muito enriquecedora e que precisamos cultivar mais a SORORIDADE, principalmente nos momentos em que identificamos vulnerabilidade em nós mesmas, e na outra.

Nossas portas estão sempre abertas!

Desejamos a todas um bom planejamento e, se for o seu caso, uma boa hora!

Medo e Ansiedade – Como gerenciá-los no Ambiente de Trabalho – e na Vida

 

Uma das coisas que mais gosto como coach é o contato que tenho com as pessoas. Cada uma delas é única, tem um perfil diferente, carregam experiências diferentes e me ensinam muito em cada uma das sessões. Contudo, tenho notado um padrão comportamental muito comum em jovens mulheres e senti que falar sobre isso poderia ser útil para quem está passando por situações similares: o sentimento de medo e ansiedade. É exatamente dessa forma que são descritas o que sentem no ambiente de trabalho “medo” e “ansiedade”.

Não estamos falando aqui de sentimentos constantes durante todo o período de trabalho, eles são engatilhados por momentos específicos que geralmente envolvem tomadas de decisão, posicionamento de uma opinião ou quando lhes são atribuídas uma nova função ou responsabilidade.

Muitas pessoas, principalmente mulheres e aqueles que estão ingressando no mercado de trabalho, não se sentem confiantes com suas próprias capacidades e habilidades, e mesmo tendo consciência de que são boas profissionais, sofrem com a invasão de sentimentos negativos que acabam dispersando seu foco e podem impactar em sua eficiência e produtividade.

Abaixo, listei 5 situações narradas com certa frequência em minhas sessões, e de que forma é possível lidar com elas no dia a dia:

1.      Pensamentos automáticos de incompetência – É provável que você não perceba, mas existem pensamentos que insistem em cruzar nossa mente o tempo todo. Esses pensamentos, normalmente, são crenças que carregamos sobre alguém (nós mesmos) ou algo e estão tão enraizados que já não as percebemos em um nível consciente. Quando se pegar duvidando de sua capacidade pare e pense no que está fazendo, traga esses pensamentos para um nível de consciência e questione-se: O que me levou a ter esses pensamentos? O que eu estava sentindo naquele momento? Isso faz sentido?

2.      “Sinto que não tenho conhecimento técnico suficiente” – É aquela velha história, quanto mais aprendemos mais sentimos que precisamos aprender. Isso é normal. Nós aprendemos algo novo o tempo todo, principalmente no ambiente de trabalho. Não recuse trabalhos bacanas por achar que o que você sabe não é suficiente, um novo desafio, no mínimo, será um grande aprendizado para você e irá lhe capacitar para ir cada vez um pouco mais longe.

3.      Não consigo falar NÃO para um colega de trabalho que me acessa o tempo todo – Você tem seu escopo, você tem o seu trabalho, você tem SUAS prioridades. Ser cooperativo no trabalho é essencial, no final todos trabalham por um mesmo objetivo, mas se aquele(a) seu(ua) colega a acessa a cada cinco minutos para pedir que assuma a responsabilidade por um trabalho que é dele(a), diga gentilmente que não, que não poderá ajudá-lo(a) naquele momento. Pondere antes de priorizar a “não prioridade” dos outros.

4.      Não conseguem reagir quando expostas à uma situação desconfortável – A reação é primitiva: quando nosso cérebro sente o perigo se aproximando, ele emite sinais para que o corpo reaja àquele estímulo de maneira rápida, e a primeira reação que nos vem à mente é sempre aquela para a qual estamos mais “treinados”, pode ser correr, gritar, ficar paralisado ou fingir-se de morto. A questão é que, nesses momentos, a parte do nosso cérebro responsável pela cognição é preterida, por isso não conseguimos agir da forma como gostaríamos (e não conseguimos dar aquela resposta matadora que ficamos fantasiado por horas depois). Para que a paralisia não aconteça antes da sua resposta pratique-a até que sinta que ela lhe vem de forma natural.

5.      Razão x emoção – Quando nos deixamos levar pela emoção dificilmente conseguimos chegar a qualquer conclusão mais racional. Quando perceber que aquele sentimento está ruim surgindo, pare, respire e tente entender por que está sentindo isso. Saia do local onde estiver e faça uma pequena caminhada, se necessário. Questione-se. Deixe seu cérebro voltar ao estado racional antes de tomar qualquer atitude, você só precisa de 5 minutos.

Dedicar um pouquinho mais do nosso tempo ao desenvolvimento da nossa autoconsciência é cada vez mais importante. Ao invés de “queimar” aquela meia hora do seu dia encarando o feed do Instagram se questionando porque sua vida não é maravilhosa ‘daquele jeito’, pare para refletir sobre você, quem você é, qual sua bagagem, aonde quer chegar, o que valoriza, o que é importante para você. O autoconhecimento nos ajuda a parar de desperdiçar nosso tempo com questionamentos infundados e com medidores de vaidade, assim é possível colocar todo o nosso foco no que realmente importa nesta jornada: nossa própria vida!

O mercado de trabalho para as mulheres está mesmo evoluindo?

 

Hoje, lendo o jornal pela manhã, me deparei com uma matéria na seção de carreiras com o seguinte título: Ter filhos é terrível para o salário das mulheres. Obviedades à parte, a matéria afirma que um estudo da Universidade de Chicago apontou que a diferença salarial entre homens e mulheres começa a aumentar um ou dois anos depois que a mulher tem seu primeiro filho.

A matéria afirma também que a maior parte da disparidade salarial entre gêneros pode ser atribuída às “mulheres que trabalham um pouco menos que os homens”, isso porque, muitas vezes, as mulheres acabam se afastando da carreira quando o cuidado com os filhos se torna mais exigente e porque – pasmem – elas ainda cuidam mais das tarefas domésticas, e todas essas responsabilidades acabam distanciando-as do trabalho remunerado.

Essa notícia me chamou mais a atenção por eu já estar, há alguns dias, bastante incomodada com o comportamento das empresas com relação às mulheres no mercado de trabalho. Nos últimos seis anos, me dediquei a um trabalho em uma área predominantemente masculina, repleta de empresários com perfis bem marcados, e na maior parte do tempo era vítima do descrédito dos clientes simplesmente por ser uma jovem mulher em um mercado repleto de “macaco velho”.

Atualmente, já não trabalho mais nesse mercado e estou passando por uma transição de carreira. A primeira entrevista que fiz para uma empresa de consultoria este ano sinalizou que a minha recolocação no mercado não seria nada fácil: o gestor que me entrevistou não escondeu seu ceticismo quando me questionou quantos anos eu tinha, e em seguida se eu era casada: BOOM. Combinação explosiva.

Tenho 32 anos, sou casada e a minha opção e a do meu marido de termos filhos não deveria ser motivo de questionamento em uma entrevista de emprego. Mas é, e sabe por quê? Porque aparentemente a maioria das empresas não quer correr o risco de contratar uma mulher com alto potencial de engravidar, mesmo que isso não faça parte dos planos de sua família.

Apesar de saber que em meu restrito núcleo de amigos e familiares mais próximos o equilíbrio das finanças e responsabilidades familiares é majoritariamente igualitário, essa é uma amostragem minúscula da forma como as famílias estão se reorganizando em pleno século XXI. Então você percebe que a evolução caminha a passos de formiga, inclusive nas organizações empresariais, que desempenham um papel fundamental nesse movimento.

Mudar a mentalidade das pessoas é muito difícil, trata-se de uma longa estrada até seu destino final, principalmente quando envolve uma cultura secular. Enquanto as empresas não mudarem sua visão e seu posicionamento com relação a questões familiares e tratar o homem e a mulher como igualmente responsáveis pela criação de seus filhos – que sim, são muito importantes para o desenvolvimento e o futuro da sociedade – as mulheres vão continuar vivendo em desvantagem no mercado de trabalho, e vamos continuar lendo manchetes como a do início do texto.

Adoraria ouvir a opinião de vocês sobre o assunto.

 

Muito mais do que marca de Champagne – Veuve Clicquot, a viúva que transformou uma vinícola familiar em um império

 

No último mês tive a sorte de me deparar com o livro da Tilar J. Mazzeo, que fez um trabalho de formiguinha maravilhoso pesquisando sobre a vida de Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, fundadora de uma das casas de champagne mais famosas do mundo.

A falta de registros sobre ela – por ter vivido em uma época em que a mulher era criada para a vida doméstica e em que a vida de empreendedores raramente entrava nos livros de história – explicaria o fato de sua trajetória ser pouquíssimo conhecida, motivo que despertou o interesse de Tilar – para nossa alegria.

As histórias conhecidas sobre o negócio do vinho costumam colocar os homens em posição de protagonistas. Credita-se, por exemplo, à Dom Pérignon (monge cego que viveu no século XVII) a descoberta da produção de champagne; e fala-se sobre homens como Jean-Rémy Moët, que usou sua relação pessoal com Napoleão para alavancar seu negócio; e Charles-Henri Heidsieck que cavalgou da França até a Rússia para chamar atenção para a valiosa bebida.

Mas a realidade é a seguinte: o champagne não nasceu na França, mas na Inglaterra – os ingleses descobriram como fazer o vinho espumar e foram os primeiros a comercializá-lo; Dom Pérignon era um grande degustador, mas dedicava a maior parte de seu tempo tentando eliminar as bolhas dos vinhos; o nome “champagne” foi registrado muito tempo depois pela empresa Moët e Chandon, antes disso era apenas espumante; e Barbe-Nicole instituiu o famoso ‘Madame Clicquot’ como o espumante mais luxuoso do mercado do vinho, que tornou-se também sinônimo de festas e boa vida.

Aos 27 anos, sem nenhuma formação ou experiência, mãe de uma filha pequena, Barbe-Nicole teve a chance de mostrar seus talentos empresariais na pequena vinícola familiar após ficar viúva. Descrita como independente, generosa, audaciosa, inteligente, insistente, dominadora e conservadora, assumiu durante muitos anos o papel de matriarca, elevando o status de sua família da burguesia francesa para a classe alta e se tornando a primeira mulher de negócios a ser tratada como ‘celebridade’. Todos na Europa pediam “uma garrafa da viúva”.

“Na Champagne, ela era conhecida simplesmente como la grande dame. Safras raras de Veuve Clicquot ainda são chamadas “La Grande Dame” em tributo à sua fama”.

Reconhecendo uma indústria em crise no final do século XIX, quando o Ancien Régimedesmoronava, ela não teve medo de arriscar sua independência financeira em um novo empreendimento e buscar novos mercados fora dos limites do território francês. A aristocracia russa, por exemplo, era grande apreciadora e consumidora de seus espumantes, apesar de não serem tão doces como as bebidas que gostavam de apreciar –  estou falando aqui de espumantes com 300 gramas de açúcar residual!

Ironicamente, Barbe-Nicole nunca considerou a possibilidade de sua filha, Clémentine, assumir o comando do império comercial que construiu. Ela sequer cogitava a possibilidade de casá-la com um empresário que lhe permitisse atuar como “sócia oculta”, como ela própria fez em seus poucos anos de casamento.

Barbe-Nicole casou então Clémentine com o ocioso conde Louis de Chevigné para que recebesse um título de nobreza, o que certamente ajudariam seus negócios. Apesar do casamento atender seus interesses comerciais, seu extravagante genro passou a vida toda esbanjando de sua fortuna.

Teve, como uma de suas grandes realizações, se não a maior delas, a descoberta do remuage, processo utilizado para clarificar o champagne através da remoção dos resíduos das leveduras que ficam na garrafa depois da segunda fermentação. Foi esse processo em particular, usado até hoje, que tornou o champagne o vinho mais famoso do mundo.  

“Aos 40 anos, Barbe-Nicole era uma das mais ricas e famosas empresárias de toda a Europa, e uma das primeiras mulheres de negócios na história a liderar um império comercial internacional”.  

E mesmo sem saber, a viúva Clicquot abriu caminho para uma segunda geração de mulheres empreendedoras, como a jovem Louise Pommery que, seguindo seus passos, construiu uma das maiores casas de champagne e inventou o champagne brut, seco. Infelizmente, não houve uma terceira geração de mulheres, e a casa Clicquot só teria outra mulher no comando após 130 anos.

Apesar de ter vivido na época do nascimento do feminismo, ela nunca defendeu os direitos das mulheres. Em vez disso, cercou-se de homens como empregados, sócios e até amigos.

Sua famosa assinatura, em que se lê Veuve Clicquot Ponsardin, até hoje estampa os famosos rótulos laranjas do champagne sem especificação de safra da companhia.

 

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Este texto faz parte de uma série sobre mulheres pouco conhecidas que tiveram papel importante na história que pretendo publicar.

A intenção não é apenas exaltar os seus feitos, mas a coragem que tiveram de romper os paradigmas da época em que viveram e trazer motivação para as mulheres de hoje! Porque boas histórias não têm prazo de validade e são pequenos sopros de inspiração.

O primeiro da série é sobre Hetty Green, a primeira mulher de Wall Street, que pode ser acessado aqui.