Como pessoas emocionalmente inteligentes resolvem seus problemas?

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Independentemente de quem você seja, não direi nenhuma inverdade se eu afirmar que você tem problemas.

E a questão aqui não é entender como você escapa desses problemas, ou o que pode fazer para que eles desapareçam da sua vida, mas como lidar com cada um deles?

Seja qual for a sua resposta, ela provavelmente será a chave para quase todos os aspectos de sua vida, exceto se estivermos falando de qualquer método que inclua desprezo, defensiva, obstrução à solução ou terceirização da culpa.

Isso me lembra da época em que eu e minha família costumávamos almoçar, pelo menos uma vez ao mês, em um restaurante tipicamente coreano localizado no bairro da Aclimação, em São Paulo.

Eu sei que minha opinião é enviesada, mas para mim era o melhor restaurante de comida coreana de São Paulo. Era, no passado, pois infelizmente fechou as portas durante a pandemia.

O restaurante ficava em uma antiga casa, enorme. Ao entrar, passávamos por um corredor que contava a história do lugar através de diversos retratos, que variavam de fotos familiares a fotos com clientes famosos e não famosos. Ali, tinha também um freezer onde ficavam os sorvetes – principalmente “Melona” (só quem já experimentou sabe a delícia que é) – que eles costumavam vender no momento que o cliente ia pagar a conta.

Em um desses dias de almoço com a família, o restaurante estava cheio e nós, que costumávamos nos acomodar no andar térreo, fomos para o andar superior, onde ainda havia um pouco de espaço.

Sentamo-nos em um pequeno ambiente que lembrava uma “salinha”, com mesa baixa e assentos de bambu sem encosto, que vemos com mais frequência em restaurantes japoneses. Havia também uma estrutura, tipo um “biombo”, que dava mais privacidade às pessoas que estavam ali.

Nós comemos, conversamos com os simpáticos atendentes e com os educados e cordiais donos do restaurante, um senhor e seu filho. Quando finalizamos e estávamos aguardando a conta, lembro-me de inesperadamente ver o biombo tombando sobre uma parte da mesa e atingindo o meu pai, que estava sentado de costas para ele. Meu pai não se feriu, mas não podemos dizer o mesmo do seu celular…

Como estávamos compartilhando a sala com outras pessoas na mesa ao lado, não conseguimos ter certeza de quem possa ter acidentalmente provocado a queda, nós ou eles. Um movimento um pouco mais brusco de quaisquer das mesas poderia tê-lo derrubado.

Os donos do estabelecimento correram imediatamente para lá, ficaram extremamente sem graça e chateados com a situação.  Tranquilizaram-nos dizendo que iriam pagar um novo celular, mas meu pai não aceitou. Como o problema havia sido visivelmente apenas com a tela, ele disse que ele mesmo faria a troca, mas aceitou o valor equivalente em créditos a serem consumidos no restaurante.

O poder de se jogar e enfrentar seus problemas.

E por que estou lhe contando essa história?

Porque, para mim, é um daqueles exemplos perfeitos da escolha que você pode fazer quando está diante de um problema.

Enquanto lia sobre a queda do biombo, qual foi o primeiro pensamento que teve ao imaginar o que aconteceria a seguir:

a)      Nós nos levantamos da mesa, furiosos, nos recusamos a pagar a conta por causa do constrangimento e exigimos um novo celular; ou

b)     Os donos se recusaram a pagar pelo conserto do celular, nós ficamos furiosos e demos início a uma acalorada discussão, estragando o almoço dos demais presentes.

Para as duas partes, existiam duas opções: isentar-se do problema ou simplesmente resolvê-lo.

Se você o ignora, é possível que se livre dele no curto prazo, mas ele continuará existindo e pode piorar.

É o mesmo que subir em uma balança quando se quer fazer uma dieta, mas recusar-se a ver os números que ela aponta. Seus quilos estão ali, mas não os encarar tira um pouco do peso da responsabilidade que sentimos por termos engordado e pelo nosso emagrecimento.

Enterrar a cabeça na areia pode até ajudar em certo ponto, afinal, nos poupa de sentir aquele desconforto de quando estamos com medo – mas quando menos se espera, o problema se agrava.

Portanto, encare-os!

Diante de uma situação como a do restaurante, podemos imaginar o que se passou pela cabeça do dono naquele instante:

“OK. Aqui estou. Foi isso o que aconteceu e o cliente está bem. Acidentes acontecem. Deveríamos ter imaginado que esse biombo poderia cair. Mas foi o próprio cliente que o derrubou e a culpa não é nossa. Ainda assim, ele estava dentro do meu estabelecimento. Vou arcar com os prejuízos, isso nos levará a uma solução, eu provavelmente não perderei o cliente e ficarei em paz por saber que fiz tudo o que eu podia”.

Essa narrativa faz sentido para mim quando me lembro da forma como eles reagiram ao incidente.

Se esses donos simplesmente tivessem pensado que arcar com o conserto de um celular quebrado era prejuízo demais para o estabelecimento, afinal, a “culpa” do biombo ter tombado não foi diretamente deles, você consegue imaginar qual teria sido o desfecho dessa história?

Quando foi a última vez que você se dirigiu a si mesmo de forma crua e real, e assumiu a responsabilidade pela sua vida?

Quando você enfrenta o problema, constrói “músculos emocionais” que vão se desenvolvendo como resultado do seu estresse. Assim como quando vai à academia, começa a ver o resultado da sua rotina de exercícios depois de um tempo, e perceberá que identificar e gerenciar suas emoções se tornará uma tarefa cada vez mais fácil, o que reduzirá suas reações impulsivas.

Vai por mim: correr do problema só nos cansa ainda mais.

Existe algo de assustador na vulnerabilidade, mas é maravilhoso e libertador ser capaz de manter o peito aberto às circunstâncias e agir com senso de responsabilidade.

No final história, nós continuamos a frequentar o restaurante por muitos anos. Foi uma decisão “ganha-ganha”.

Eu sei que essa não foi a história mais emocionante que você já leu em um artigo de LinkedIn, mas são a partir desses pequenos casos que nos preparamos para enfrentar os grandes, aqueles que têm o potencial de mudar completamente a nossa vida.

Esteja preparado.

3 técnicas de Inteligência Social que me ajudaram a fortalecer meus relacionamentos – e podem te ajudar também

Não importa se você acabou de mudar de empresa, se está em uma reunião com novos clientes, se é o primeiro dos seus amigos a chegar em uma festa ou se terá de enfrentar 4 dias de congresso sozinho pela frente. Independentemente de ser mais fácil para alguns ou mais difícil para outros, nós estamos constantemente nos relacionando com desconhecidos.

A sensação muitas vezes é estranha.

Você fala alguma coisa e espera apreensivamente para ver como o outro irá reagir, fica pensando se ter tocado em determinado assunto maculou sua imagem, torce para que aquela conversa não seja um completo fiasco e para que o outro não perceba seu nervosismo através das manchas vermelhas que costumam aparecer na sua pele.

A Inteligência Social é a capacidade que temos de avaliar e influenciar as emoções e relacionamentos interpessoais. Ela nos ajuda a quebrar o gelo no momento de uma abordagem e possibilita que pessoas e organizações fortaleçam a confiança entre si.

Contudo, a inteligência social costuma esbarrar nos famosos – e perigosos – erros de julgamento, também conhecidos como vieses cognitivos, que funcionam como pontos cegos quando se trata de relacionamentos.

Se pararmos para pensar que formamos uma imagem da pessoa nos primeiros 30 segundos em que a vemos, é muito importante lembrar de não nos deixarmos levar pelos primeiros pensamentos que cruzam a nossa mente.

Para evitar desperdiçar oportunidades e gerar animosidades injustificadas, podemos usar estratégias cientificamente comprovadas para conseguirmos identificar os nossos pontos cegos e superá-los. Veja algumas dicas:

ESCUTA EMPÁTICA

Quando as pessoas se comunicam com você, é necessário prestar atenção no que elas querem dizer e não apenas no que dizem. A empatia é a habilidade de entender o que as outras pessoas estão sentindo.

Por isso, não se concentre apenas nas palavras que escuta, mas também no tom de voz e nos movimentos corporais. Isso amplia a nossa capacidade de compreender o que o outro realmente quer dizer.

A escuta empática vai muito além do combo “sorriso, olho no olho, braços abertos e movimentos de concordância com a cabeça”.

Não se preocupe em se certificar se você está demonstrando empatia e interesse pelo outro, isso apenas desvia o seu foco do que realmente importa naquele momento: escutar ativamente de forma genuína.

ESPELHAMENTO

Reformular o que o outro está lhe dizendo, com suas próprias palavras, não apenas te ajuda a esclarecer se você efetivamente entendeu a mensagem, como demonstra ao outro que você está realmente ouvindo o que ele tem a dizer e dá a ele a chance de corrigir a informação se estiver errada.

Ex. “Então, você está dizendo que ________. Isso está certo?

Tente também utilizar os mesmos termos que o interlocutor utiliza, e espelhe seu tom e postura. Se ele está sendo formal, por exemplo, seja também.

Mas não tenha pressa, isso não precisa acontecer imediatamente, observe e se conecte gradualmente para construir um ambiente não ameaçador.

RAPPORT

O rapport estabelece a confiança entre você e a outra parte, criando um contexto de compreensão e harmonia, facilita a comunicação e consolida a conexão.

Para estabelecer rapport, você precisa ajudar o outro a sentir que você está do lado dele e que vocês estão na mesma sintonia. Para isso, esteja preparado e sem precisar declarar explicitamente, atente-se ao seguinte:

a. Expresse compaixão e cuidado em relação às emoções do outro;

b. Encontre pontos em comum entre seus objetivos e valores;

c. Use o humor – e não o sarcasmo ou ironia – quando pertinente, para ajudar a tirar o outro da defensiva.

Mudar o mindset de “eu sei tudo e não me importo com ninguém” para “eu posso efetivamente aprender algo novo ao conhecer melhor a outra pessoa” é essencial quando falamos sobre construir relacionamentos interpessoais duradouros.

E é também, definitivamente, uma das iniciativas relacionadas à inteligência social em que devemos investir pois, quando executada corretamente, confere mais confiança para nos comunicarmos abertamente a qualquer momento e se traduz em recompensas de curto, médio e longo prazo.

PARA ALCANÇAR SUAS METAS EM 2021, TENHA SEU PRÓPRIO KPI

Você vai ou não fazer essa cesta?

 

Você já deve ter ouvido falar dos KPIs, sigla em inglês para “principais indicadores de desempenho”, que medem a eficácia com que a organização está atendendo os objetivos essenciais do negócio. Equipes, departamentos e organizações iniciam os KPIs para que eles se espalhem por toda a organização.

Peter Drucker tem uma famosa frase que diz “o que é medido é gerenciado e o que é gerenciado é aprimorado”.

Ela é uma ferramenta importante no setor empresarial, e com os devidos ajustes pode ser utilizada também na gestão das nossas carreiras, a fim de alcançarmos sucesso profissional.

Mas como incluir KPIs pessoais em nossa rotina?

Um indicador de performance pessoal permite que você exercite uma espécie de “autocoaching”, considerando que deverá manter o foco em sua meta e medir o progresso por resultados, não por horas gastas na tarefa.

O primeiro passo, é entender o que você realmente quer, onde você está e onde você quer chegar. Para isso, se faça as seguintes perguntas:

·      Qual é o seu resultado desejado?

·      Por que esse resultado é importante?

·      Quando pretende conseguir?

·      Como você medirá o seu progresso?

·      Como você saberá se teve sucesso (quais as evidências)?

·      Quem será afetado pelos meus objetivos?

·      Com que frequência você revisará seu desenvolvimento?

Cabe lembrar que esse rol não é taxativo, portanto, faça-se as perguntas que julgar pertinentes!

Tendo as suas respostas, em seguida utilize o modelo SMARTEN UP para definir a sua meta.

O SMARTEN UP nada mais é do que o modelo SMART – que propõe que a meta deve ser específica, mensurável, atingível, relevante e definida no tempo – acrescido dos seguintes fatores:

– Entusiasta: seu objetivo deve mantê-lo inspirado durante todo o processo, caso contrário as chances de você desistir da sua meta aumentam;

– Natural: leve em consideração seus instintos naturais, sua meta deve estar de acordo com suas verdadeiras necessidades, valores e crenças.

– Entendimento: as pessoas de seu convívio mais próximo devem entender a importância desse objetivo para você. A compreensão e o apoio deles será fundamental durante a sua caminhada, não tenha medo de ter conversas transparentes e de pedir feedbacks.

– Preparado: prepare-se para as reações negativas que podem vir de outras pessoas, afinal, nem todo mundo irá se esforçar para entender (ou simplesmente respeitar) o seu objetivo. E lembre-se: os outros não estão focados em obter os resultados que você está buscando.

Na maioria das empresas, os colaboradores têm como obrigação administrativa trabalhar com metas anuais, definidas pelo próprio profissional com apoio do seu gestor. Mas, verdade seja dita: são muitos os que não levam essa prática a sério e acabam registrando metas que em nada modificam sua rotina de profissional, porque apenas querem “cumprir tabela”.

Adotar esse tipo de postura não deixa de ser um grande desperdício de oportunidade, pois dependendo do ambiente de trabalho você terá todo o apoio – da equipe e da liderança – para se desenvolver, evoluir e progredir na carreira.

Os KPIs pessoais funcionam basicamente da mesma forma que essas exigências corporativas, com a diferença de que não estamos restringindo as metas a questões profissionais, o que traz ao indivíduo um desafio ainda maior: ter a disciplina e força de vontade de conduzir o processo completamente sozinho.

E como conseguimos sentir o impacto do nosso esforço?

Para isso, é importante estabelecer uma forma de mensuração de resultados. Se estiver falando de uma meta comportamental, não esqueça que o seu “termômetro” serão as pessoas que convivem com você. Funciona como uma campanha eleitoral: quem elegerá o seu “novo EU melhorado” serão os outros, seus eleitores, as pessoas que acompanharam o processo, e não você. Eles dirão se sentiram a diferença que você pretendia alcançar ou não.

Independentemente do que deseja, meça seu progresso através de relatórios, planilhas ou aplicativos, como o Trello. E não dê passos que sejam maiores do que suas pernas: concentre-se em metas pequenas – alcançáveis – e não megalomaníacas, caso contrário será difícil conseguir manter sua motivação por muito tempo.

Dê a si mesmo a oportunidade de se colocar no caminho do sucesso. Mudanças são essenciais para quem quer evoluir, e elas acontecem passo a passo.

O que realmente nos torna resilientes?

Catorze anos atrás minha mãe foi diagnosticada com câncer de mama, doença que aflige e rouba a vida de muitas pessoas, principalmente mulheres, em todo o mundo. Ela tinha acabado de completar 50 anos e o meu irmão caçula, 11.

Lembro-me que, na época, tínhamos uma viagem de família marcada para o mês de julho. O diagnóstico foi realizado um mês antes. Ela guardou essa informação só para ela e viajou antes de iniciar seu tratamento como se nada tivesse acontecido.

Como ela conseguiu transparecer aquela plenitude, o tempo todo, durante 15 dias, eu até hoje não sei. E confesso que não consigo imaginar o medo, o desespero e a dor que ela sentiu por ter que enfrentar a situação sozinha, a fim de poupar o bem-estar de 5 filhos – 3 deles menores de idade – e um marido que ficava a semana toda fora de casa à trabalho.

Essa parte da história de vida da minha mãe é apenas um exemplo do que me faz refletir sobre a resiliência. Ela fez uma cirurgia, passou muito mal durante todo o período de quimioterapia, enfrentou um longo percurso de radioterapia, se “virou nos 30” com filhos pequenos e marido ausente, usou peruca por muito tempo e hoje está mais saudável e feliz do que nunca!

E então eu penso, será que todos nós temos essas reservas de força e tolerância? Quem dera se todos pudéssemos nos recuperar de todos os desafios mais fortes do que nunca!

O que é, afinal, a resiliência? Como podemos cultivá-la em nossas próprias vidas?   

 

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Em minha busca por respostas, encontrei 2 estudos realizados pelo pesquisador Marcus Buckingham e sua equipe do ADP Research Institute que demonstram que os níveis de resiliência não possuem qualquer ligação com gênero, idade, etnia ou nacionalidade, e têm 2 alavancas primárias que chegam a ser contraintuitivas:

1 – A resiliência é um estado de espírito causo pela exposição ao sofrimento.

Considerando como exemplo o cenário de pandemia, Buckingham afirmou que não importa quão eficaz determinado país tenha sido em sua resposta a ela, o que impulsionou os níveis de resiliência das pessoas foi o quão intimamente elas estiveram expostas à doença. Em outras palavras, isso sugere que descobrimos nossa resiliência quando somos obrigados a enfrentar um sofrimento inevitável.

2 – Quanto mais tangível a ameaça, mais resilientes nos tornamos.

Quanto maior o número de mudanças que somos forçados a absorver, mais convencidos ficamos de que elas serão permanentes, e mais a nossa resiliência aumenta.

Percebemos o quão resilientes podemos ser quando enfrentamos a realidade e somos capazes de enxergar quem nós realmente somos através da forma como respondemos a ela. Por mais incongruente que possa parecer, o que é real – quase sempre – é menos assustador do que o que é imaginado, por isso a realidade de uma doença ou de um desemprego acabam atuando como agentes fortalecedores, porque nos ajudam a compreender do que somos capazes.

Nós, humanos, não funcionamos bem quando somos privados da realidade. É mais prejudicial para a nossa saúde mental amenizar, subestimar ou ignorar realidades difíceis, porque acabamos permitindo que a nossa imaginação – que é bastante fértil – voe solta e descoordenada como folhas ao vento.

Além disso, esse tipo de atitude não contribui com o controle ou redução do nosso medo e ansiedade, ao contrário, nos impede de projetar formas saudáveis de lidar com os reveses, aumentando as emoções negativas.

O psicólogo Viktor Frankl, autor do maravilhoso livro “Em busca de sentido”, já dizia na década de 1930:

“Nossa resposta ao sofrimento inevitável é uma das fontes primárias de significado, propósito e autoeficácia em nossas vidas. O sofrimento e a dificuldade nunca devem ser escondidos de nós. Ao invés disso, mostre-os com honestidade e clareza e revelaremos – para nós mesmos e para você – nossa maior força”.

Não tem como ser mais claro e objetivo do que isso sobre um assunto tão complexo!

A espera nos apavora, mas quando sabemos o que iremos enfrentar, podemos avaliar e entender a melhor forma de viver diante de tais circunstâncias. Minha mãe conseguiu fazer uma viagem de vários dias carregando o peso de sua doença porque tinha um diagnóstico concreto e sabia quais seriam os próximos passos que teria que dar no combate à doença assim que retornasse.

E, por mais difícil que seja, isso nos dá a chance de viver com as melhores condições que temos naquele momento, nos dá resiliência!

Os resultados das pesquisas sugerem que essa teoria não se aplica apenas à casos como os de minha mãe, mas também a você e a mim, independentemente da mudança pela qual esteja passando.

Quando eu era criança, os adultos costumavam falar sobre o “homem do saco” para assustar crianças desobedientes, dizendo que ele as levaria para longe de seus lares. Esse “homem” sequer tinha um rosto para nós, mas o imaginário nos assombrava.

É o desconhecido que nos assusta!

A coragem de encarar a verdade e enfrentar a realidade – não a sua realidade – pode ser uma inesgotável fonte de resiliência!

Saber identificar e gerenciar nossos “gatilhos”​ pode mudar a nossa vida

“Diga-me com quem andas e te direi quem és”.

Todos sabemos que as pessoas com as quais convivemos, de uma forma ou de outra, acabam nos influenciando. Só que a maioria de nós passa a vida sem saber como nosso ambiente molda nosso comportamento.

Sentir, por exemplo, uma “raiva incontrolável” ao volante quando está em uma rodovia lotada não indica que somos sociopatas, pois a condição temporária de estar em um carro cercado por motoristas mal-educados e impacientes acaba desencadeando mudanças na forma como reagimos.

Mesmo que não tenha sido escolha nossa, quando estamos em um ambiente de impaciência e hostilidade ficamos alterados.

Agora, considerem a seguinte situação: você participará de uma importante reunião na empresa em que trabalha.

Não é difícil imaginar que, durante a reunião, os ânimos podem se exaltar e alguns comentários podem vir carregados de raiva, fazendo com que as trocas de farpas fiquem mais intensas e, eventualmente, tornem-se pessoalmente insultuosas. Em um ambiente inflamado, aquele que permanece calmo e sabe ouvir é quem mais será capaz de agir de forma justa.

Mas como fazer isso?

O que tenho notado em bons líderes e pessoas de sucesso é o fato de que elas nunca estão completamente alheias ao seu ambiente. Elas observam, antecipam e já se preparam para o que está por vir. Desta forma, conseguem direcionar seus esforços no sentido de criar o ambiente que desejam quando chegarem lá.

Para ilustrar o que estou dizendo, tomemos como exemplo meus colegas advogados do contencioso – eles não fazem perguntas para as quais não sabem as respostas! Toda a sua linha de questionamento é baseada em um elemento essencial: a antecipação!

Superado o desafio de desenvolver uma autoconsciência sobre os ambientes que frequentamos, nosso maior desafio passa a ser nos anteciparmos a esse ambiente. A maior parte do nosso dia consiste-se de momentos menores, “comuns”, em que não estamos tentando alcançar o sucesso, por isso dificilmente prestamos atenção ao nosso comportamento – afinal, não nos parece tão importante – e acabamos sendo incapazes de associar determinadas consequências com as situações que as causaram.

E isso não se aplica apenas a reuniões e ambientes mais complexos, mas também à ambientes tranquilos, como nossa própria casa. Ao contrário o que se presume, os ambientes mais calmos requerem, ironicamente, atenção redobrada: quando relaxamos e não estamos atentos, qualquer coisa pode acontecer!

Depois de uma longa jornada de sucesso no trabalho, voltamos para casa para aproveitar as últimas horas do dia. Podemos optar por dar um passeio, ligar para um amigo, preparar um jantar, fazer um curso online sentado na varanda ou terminar aquele livro que começamos a semana passada.

Ao invés disso, nós pegamos um saco de Torcida, uma cerveja, ligamos a TV, e nos jogamos no sofá para assistir pela 1543627820 vez um episódio de Friends.

Isso pode ser bom? Do ponto de vista de descanso mental, sim, claro! O problema é que fazendo isso todos os dias acabamos nos colocamos no piloto automático deixamos de fazer escolhas que seriam melhores para nós, agregariam mais valor ao nosso tempo, ao nosso conhecimento e à nossa vida!

Se usarmos essa consciência a nosso favor, somos capazes de nos anteciparmos ao ambiente e aumentamos nossas chances de conseguir dar continuidade ao nosso “dia de sucesso” quando chegamos em casa.

Antecipe-se aos gatilhos quando forem conhecidos - Imagem de Dustin Belt via Unsplash

Sabendo que, ao chegar, vamos olhar em direção ao sofá e à geladeira – gatilhos – e sucumbir aos velhos hábitos, podemos nos antecipar enviando uma mensagem para um amigo combinando um jantar, podemos levar nossa mochila de academia para o trabalho e ir direto de lá findo o expediente, ou até mesmo deixar o livro que queremos ler em cima do sofá para nos lembrar de fazer a leitura.

Essas ações não parecem – e não são – difíceis de executar, mas quando chegarmos cansados em casa sabemos que não encaramos a situação de forma tão branda assim.

Quando compreendemos as vantagens comportamentais que temos quando identificamos os gatilhos que existem em nosso ambiente, a única pergunta que fica é:

“O que o está impedindo de viver a vida com um pouco mais de antecipação?”