Limitações não precisam ser limitantes

Em um experimento realizado em sala de aula pela professora da Universidade de Harvard, Laura Huang, foi entregue para cada grupo de estudantes um envelope contendo 5 dólares. Eles poderiam usar esse dinheiro como um capital inicial para criar qualquer tipo de negócio que gerasse lucro. Como resultado, os times que apresentaram maior lucratividade foram aqueles que não usaram os 5 dólares.

E eis o porquê.

Ao focar nos 5 dólares os estudantes limitaram sua visão do que seria possível desenvolver com esse valor e excluíram uma gama enorme de oportunidades, como o que poderia ter sido feito com 1, 2, 3 e 4 dólares, ou mesmo sem capital inicial algum. Essa foi a postura da maioria.

Por outro lado, os times que não focaram apenas no dinheiro foram capazes de identificar os recursos que tinham à sua disposição através de perspectivas completamente diferentes.  Os estudantes enxergaram valor no seu tempo, em suas habilidades, em parcerias e oportunidades. Aqueles que assumiram que nada tinham foram os que colheram melhores resultados.

Isso revela como encaramos as nossas limitações. Elas podem ser simples limitadoras, mas também podem ser bastante vantajosas para quem abre a mente para novas ideias, se esforça para enxergar o ambiente a sua volta com maior amplitude e através de diferentes perspectivas.

Estratégia precisa de criatividade.

Eu sei que pode soar paradoxal o fato de que limitações podem desencadear estratégias criativas, então observe: elimine uma limitação e qualquer ação que antes era possível certamente continuará sendo possível e é provável que agora ainda mais ações sejam possíveis. Contudo, isso não necessariamente leva alguém a pensar em caminhos diferentes para uma determinada situação, mas uma limitação pode estimular uma nova linha de pensamento.

Então, parece ser correto dizer que muitas restrições podem sufocar todas as possibilidades, mas a completa ausência de restrições também é um problema.

Isso me fez lembrar sobre a estratégia do oceano azul, cujo conceito é definido em livro de mesmo nome. A teoria diz que a melhor forma de superar a concorrência é parando de tentar superá-la, buscando mercados ainda não explorados, o chamado “oceano azul”. Esse conceito pauta-se basicamente na inovação do modelo de negócio através da sua curva de valor. E apesar de não ser algo tão simples de ser implementado, o conceito acaba ajudando as empresas na tentativa de inovação em sua curva, o que é algo positivo.

“Na metáfora marítima, o oceano azul é um local em que se pode nadar livremente enquanto os mercados já saturados são o “oceano vermelho” em decorrência do sangue derramado nas batalhas entre os concorrentes”

Quando estiver tentando pensar “fora da caixa” para construir uma estratégia inovadora, seja por questões pessoais ou profissionais, além de superar as limitações, que podem ser estimulantes, lembre-se também de considerar as abordagens a seguir:

          1. Contraste

Identifique as premissas que o pensamento convencional tem como base em sua empresa ou setor, e pense no que pode ser obtido ao provar que um ou mais desses pensamentos são falsos.

Provoque, deliberadamente, algum aspecto do seu padrão de trabalho a fim de quebrar suposições arraigadas.

          1. Combinação

Ações criativas e bem-sucedidas podem resultar na combinação de fatores que convencionalmente funcionam separadas, como combinar um tênis da Nike com um iPod da Apple, para que seja possível monitorar os passos dados pelas pessoas enquanto fazem exercícios físicos.

Separar, por exemplo, um produto em partes para vendê-las é uma forma de construir uma estratégia de contraste.

          1. Contexto

Converse sobre sua situação ou seu negócio com alguém que não atue na mesma área que você e ouça o que essa pessoa tem a dizer, ela vai lhe trazer um novo olhar sobre o que está sendo dito, o que pode gerar algumas respostas e oportunidades. Além disso, converse com pessoas que consomem o seu produto/serviço.

Estratégia, no final, nada mais é do que encontrar maneiras de criar e reivindicar valor por meio da diferenciação. E isso é difícil. Por isso, ter ferramentas que ajudam a identificar intervalos criativos durante o pensamento convencional é uma boa opção para quem busca novas descobertas.

Limitações são, sim, inevitáveis.

Mas, ao invés de simplesmente aceitá-las, entenda quais são e atente-se a elas. É possível compreender e reconhecer o seu valor, em diversas circunstâncias precisamos delas.

Quando reconhecemos as limitações, mas não as deixamos definir nossas possibilidades, podemos transformá-las em grandes vantagens.

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