3 técnicas de Inteligência Social que me ajudaram a fortalecer meus relacionamentos – e podem te ajudar também

Não importa se você acabou de mudar de empresa, se está em uma reunião com novos clientes, se é o primeiro dos seus amigos a chegar em uma festa ou se terá de enfrentar 4 dias de congresso sozinho pela frente. Independentemente de ser mais fácil para alguns ou mais difícil para outros, nós estamos constantemente nos relacionando com desconhecidos.

A sensação muitas vezes é estranha.

Você fala alguma coisa e espera apreensivamente para ver como o outro irá reagir, fica pensando se ter tocado em determinado assunto maculou sua imagem, torce para que aquela conversa não seja um completo fiasco e para que o outro não perceba seu nervosismo através das manchas vermelhas que costumam aparecer na sua pele.

A Inteligência Social é a capacidade que temos de avaliar e influenciar as emoções e relacionamentos interpessoais. Ela nos ajuda a quebrar o gelo no momento de uma abordagem e possibilita que pessoas e organizações fortaleçam a confiança entre si.

Contudo, a inteligência social costuma esbarrar nos famosos – e perigosos – erros de julgamento, também conhecidos como vieses cognitivos, que funcionam como pontos cegos quando se trata de relacionamentos.

Se pararmos para pensar que formamos uma imagem da pessoa nos primeiros 30 segundos em que a vemos, é muito importante lembrar de não nos deixarmos levar pelos primeiros pensamentos que cruzam a nossa mente.

Para evitar desperdiçar oportunidades e gerar animosidades injustificadas, podemos usar estratégias cientificamente comprovadas para conseguirmos identificar os nossos pontos cegos e superá-los. Veja algumas dicas:

ESCUTA EMPÁTICA

Quando as pessoas se comunicam com você, é necessário prestar atenção no que elas querem dizer e não apenas no que dizem. A empatia é a habilidade de entender o que as outras pessoas estão sentindo.

Por isso, não se concentre apenas nas palavras que escuta, mas também no tom de voz e nos movimentos corporais. Isso amplia a nossa capacidade de compreender o que o outro realmente quer dizer.

A escuta empática vai muito além do combo “sorriso, olho no olho, braços abertos e movimentos de concordância com a cabeça”.

Não se preocupe em se certificar se você está demonstrando empatia e interesse pelo outro, isso apenas desvia o seu foco do que realmente importa naquele momento: escutar ativamente de forma genuína.

ESPELHAMENTO

Reformular o que o outro está lhe dizendo, com suas próprias palavras, não apenas te ajuda a esclarecer se você efetivamente entendeu a mensagem, como demonstra ao outro que você está realmente ouvindo o que ele tem a dizer e dá a ele a chance de corrigir a informação se estiver errada.

Ex. “Então, você está dizendo que ________. Isso está certo?

Tente também utilizar os mesmos termos que o interlocutor utiliza, e espelhe seu tom e postura. Se ele está sendo formal, por exemplo, seja também.

Mas não tenha pressa, isso não precisa acontecer imediatamente, observe e se conecte gradualmente para construir um ambiente não ameaçador.

RAPPORT

O rapport estabelece a confiança entre você e a outra parte, criando um contexto de compreensão e harmonia, facilita a comunicação e consolida a conexão.

Para estabelecer rapport, você precisa ajudar o outro a sentir que você está do lado dele e que vocês estão na mesma sintonia. Para isso, esteja preparado e sem precisar declarar explicitamente, atente-se ao seguinte:

a. Expresse compaixão e cuidado em relação às emoções do outro;

b. Encontre pontos em comum entre seus objetivos e valores;

c. Use o humor – e não o sarcasmo ou ironia – quando pertinente, para ajudar a tirar o outro da defensiva.

Mudar o mindset de “eu sei tudo e não me importo com ninguém” para “eu posso efetivamente aprender algo novo ao conhecer melhor a outra pessoa” é essencial quando falamos sobre construir relacionamentos interpessoais duradouros.

E é também, definitivamente, uma das iniciativas relacionadas à inteligência social em que devemos investir pois, quando executada corretamente, confere mais confiança para nos comunicarmos abertamente a qualquer momento e se traduz em recompensas de curto, médio e longo prazo.

PARA ALCANÇAR SUAS METAS EM 2021, TENHA SEU PRÓPRIO KPI

Você vai ou não fazer essa cesta?

 

Você já deve ter ouvido falar dos KPIs, sigla em inglês para “principais indicadores de desempenho”, que medem a eficácia com que a organização está atendendo os objetivos essenciais do negócio. Equipes, departamentos e organizações iniciam os KPIs para que eles se espalhem por toda a organização.

Peter Drucker tem uma famosa frase que diz “o que é medido é gerenciado e o que é gerenciado é aprimorado”.

Ela é uma ferramenta importante no setor empresarial, e com os devidos ajustes pode ser utilizada também na gestão das nossas carreiras, a fim de alcançarmos sucesso profissional.

Mas como incluir KPIs pessoais em nossa rotina?

Um indicador de performance pessoal permite que você exercite uma espécie de “autocoaching”, considerando que deverá manter o foco em sua meta e medir o progresso por resultados, não por horas gastas na tarefa.

O primeiro passo, é entender o que você realmente quer, onde você está e onde você quer chegar. Para isso, se faça as seguintes perguntas:

·      Qual é o seu resultado desejado?

·      Por que esse resultado é importante?

·      Quando pretende conseguir?

·      Como você medirá o seu progresso?

·      Como você saberá se teve sucesso (quais as evidências)?

·      Quem será afetado pelos meus objetivos?

·      Com que frequência você revisará seu desenvolvimento?

Cabe lembrar que esse rol não é taxativo, portanto, faça-se as perguntas que julgar pertinentes!

Tendo as suas respostas, em seguida utilize o modelo SMARTEN UP para definir a sua meta.

O SMARTEN UP nada mais é do que o modelo SMART – que propõe que a meta deve ser específica, mensurável, atingível, relevante e definida no tempo – acrescido dos seguintes fatores:

– Entusiasta: seu objetivo deve mantê-lo inspirado durante todo o processo, caso contrário as chances de você desistir da sua meta aumentam;

– Natural: leve em consideração seus instintos naturais, sua meta deve estar de acordo com suas verdadeiras necessidades, valores e crenças.

– Entendimento: as pessoas de seu convívio mais próximo devem entender a importância desse objetivo para você. A compreensão e o apoio deles será fundamental durante a sua caminhada, não tenha medo de ter conversas transparentes e de pedir feedbacks.

– Preparado: prepare-se para as reações negativas que podem vir de outras pessoas, afinal, nem todo mundo irá se esforçar para entender (ou simplesmente respeitar) o seu objetivo. E lembre-se: os outros não estão focados em obter os resultados que você está buscando.

Na maioria das empresas, os colaboradores têm como obrigação administrativa trabalhar com metas anuais, definidas pelo próprio profissional com apoio do seu gestor. Mas, verdade seja dita: são muitos os que não levam essa prática a sério e acabam registrando metas que em nada modificam sua rotina de profissional, porque apenas querem “cumprir tabela”.

Adotar esse tipo de postura não deixa de ser um grande desperdício de oportunidade, pois dependendo do ambiente de trabalho você terá todo o apoio – da equipe e da liderança – para se desenvolver, evoluir e progredir na carreira.

Os KPIs pessoais funcionam basicamente da mesma forma que essas exigências corporativas, com a diferença de que não estamos restringindo as metas a questões profissionais, o que traz ao indivíduo um desafio ainda maior: ter a disciplina e força de vontade de conduzir o processo completamente sozinho.

E como conseguimos sentir o impacto do nosso esforço?

Para isso, é importante estabelecer uma forma de mensuração de resultados. Se estiver falando de uma meta comportamental, não esqueça que o seu “termômetro” serão as pessoas que convivem com você. Funciona como uma campanha eleitoral: quem elegerá o seu “novo EU melhorado” serão os outros, seus eleitores, as pessoas que acompanharam o processo, e não você. Eles dirão se sentiram a diferença que você pretendia alcançar ou não.

Independentemente do que deseja, meça seu progresso através de relatórios, planilhas ou aplicativos, como o Trello. E não dê passos que sejam maiores do que suas pernas: concentre-se em metas pequenas – alcançáveis – e não megalomaníacas, caso contrário será difícil conseguir manter sua motivação por muito tempo.

Dê a si mesmo a oportunidade de se colocar no caminho do sucesso. Mudanças são essenciais para quem quer evoluir, e elas acontecem passo a passo.

Saber identificar e gerenciar nossos “gatilhos”​ pode mudar a nossa vida

“Diga-me com quem andas e te direi quem és”.

Todos sabemos que as pessoas com as quais convivemos, de uma forma ou de outra, acabam nos influenciando. Só que a maioria de nós passa a vida sem saber como nosso ambiente molda nosso comportamento.

Sentir, por exemplo, uma “raiva incontrolável” ao volante quando está em uma rodovia lotada não indica que somos sociopatas, pois a condição temporária de estar em um carro cercado por motoristas mal-educados e impacientes acaba desencadeando mudanças na forma como reagimos.

Mesmo que não tenha sido escolha nossa, quando estamos em um ambiente de impaciência e hostilidade ficamos alterados.

Agora, considerem a seguinte situação: você participará de uma importante reunião na empresa em que trabalha.

Não é difícil imaginar que, durante a reunião, os ânimos podem se exaltar e alguns comentários podem vir carregados de raiva, fazendo com que as trocas de farpas fiquem mais intensas e, eventualmente, tornem-se pessoalmente insultuosas. Em um ambiente inflamado, aquele que permanece calmo e sabe ouvir é quem mais será capaz de agir de forma justa.

Mas como fazer isso?

O que tenho notado em bons líderes e pessoas de sucesso é o fato de que elas nunca estão completamente alheias ao seu ambiente. Elas observam, antecipam e já se preparam para o que está por vir. Desta forma, conseguem direcionar seus esforços no sentido de criar o ambiente que desejam quando chegarem lá.

Para ilustrar o que estou dizendo, tomemos como exemplo meus colegas advogados do contencioso – eles não fazem perguntas para as quais não sabem as respostas! Toda a sua linha de questionamento é baseada em um elemento essencial: a antecipação!

Superado o desafio de desenvolver uma autoconsciência sobre os ambientes que frequentamos, nosso maior desafio passa a ser nos anteciparmos a esse ambiente. A maior parte do nosso dia consiste-se de momentos menores, “comuns”, em que não estamos tentando alcançar o sucesso, por isso dificilmente prestamos atenção ao nosso comportamento – afinal, não nos parece tão importante – e acabamos sendo incapazes de associar determinadas consequências com as situações que as causaram.

E isso não se aplica apenas a reuniões e ambientes mais complexos, mas também à ambientes tranquilos, como nossa própria casa. Ao contrário o que se presume, os ambientes mais calmos requerem, ironicamente, atenção redobrada: quando relaxamos e não estamos atentos, qualquer coisa pode acontecer!

Depois de uma longa jornada de sucesso no trabalho, voltamos para casa para aproveitar as últimas horas do dia. Podemos optar por dar um passeio, ligar para um amigo, preparar um jantar, fazer um curso online sentado na varanda ou terminar aquele livro que começamos a semana passada.

Ao invés disso, nós pegamos um saco de Torcida, uma cerveja, ligamos a TV, e nos jogamos no sofá para assistir pela 1543627820 vez um episódio de Friends.

Isso pode ser bom? Do ponto de vista de descanso mental, sim, claro! O problema é que fazendo isso todos os dias acabamos nos colocamos no piloto automático deixamos de fazer escolhas que seriam melhores para nós, agregariam mais valor ao nosso tempo, ao nosso conhecimento e à nossa vida!

Se usarmos essa consciência a nosso favor, somos capazes de nos anteciparmos ao ambiente e aumentamos nossas chances de conseguir dar continuidade ao nosso “dia de sucesso” quando chegamos em casa.

Antecipe-se aos gatilhos quando forem conhecidos - Imagem de Dustin Belt via Unsplash

Sabendo que, ao chegar, vamos olhar em direção ao sofá e à geladeira – gatilhos – e sucumbir aos velhos hábitos, podemos nos antecipar enviando uma mensagem para um amigo combinando um jantar, podemos levar nossa mochila de academia para o trabalho e ir direto de lá findo o expediente, ou até mesmo deixar o livro que queremos ler em cima do sofá para nos lembrar de fazer a leitura.

Essas ações não parecem – e não são – difíceis de executar, mas quando chegarmos cansados em casa sabemos que não encaramos a situação de forma tão branda assim.

Quando compreendemos as vantagens comportamentais que temos quando identificamos os gatilhos que existem em nosso ambiente, a única pergunta que fica é:

“O que o está impedindo de viver a vida com um pouco mais de antecipação?”

Entenda como 5 dos gatilhos que mais causam conflitos no trabalho podem te ajudar a ser um líder melhor.

 

Rafaela está gerenciando um novo time e percebe que um dos membros, João, está com dificuldades para fazer a entrega dos trabalhos. Ocorre que João é um dos membros mais seniores da equipe, uma pessoa com quem ela precisa contar para atender as intensas demandas da área.

Apesar de terem conversas de alinhamento constantes, Rafaela não consegue ter clareza do que realmente está motivando o comportamento de João e, com a intenção de aliviar a sobrecarga que ele diz estar sentindo, ela responde um dos e-mails que havia sido endereçado aos dois, mas cujo assunto ele costumava tratar.

Quando Rafaela procurou João para conversar sobre uma outra tarefa, João agiu de forma grosseira e indiferente, deixando-a confusa, pois ele estava adotando um péssimo comportamento enquanto tudo o que ela estava tentando fazer era ajudá-lo.

O nosso cérebro organiza as informações através de um princípio básico de AMEAÇA ou RECOMPENSA. Contudo, além de usarmos mais recursos cerebrais para lidarmos com uma “ameaça”, nossa capacidade de resolução de problemas fica reduzida e nossa criatividade fica prejudicada.

Além disso, nossos cérebros interpretam as “ameaças sociais” da mesma forma que as ameaças mais “reais” – como uma demissão ou ter uma arma apontada para você. No mesmo sentido, as “recompensas sociais” como elogios, podem ser tão eficazes quanto oferecer benefícios financeiros ou uma promoção.

Em 2008, David Rock propôs o Modelo SCARF, acrônimo em inglês para as palavras status, certeza, autonomia, relação e justiça. O que torna esse modelo neuro científico importante é a sua utilização nas relações interpessoais, pois ele trabalha com o que o cientista considera os 5 principais gatilhos sociais:

STATUS – Quando sentimos uma ameaça ao nosso status, nosso cérebro desencadeia a mesma resposta dada à dor física; por isso é realmente importante dar reconhecimento às pessoas, em todos os níveis. Ex. reconhecer a excelência em uma habilidade específica de um membro da equipe.

CERTEZA – Quando você segura um lápis, o seu cérebro estima o que acontecerá em seguida com base em suas últimas experiências. Se algo estiver diferente, o cérebro entenderá aquilo como um ‘erro’, e manterá sua atenção no assunto até que a incerteza seja resolvida. Daí a importância de manter sempre comunicações claras.

AUTONOMIA – Se sentimos que não temos controle sobre o meio, podemos ficar estressados. Quando somos capazes de tomarmos decisões no trabalho, nosso cérebro gera uma sensação de recompensa.

RELAÇÃO – O pertencimento é uma necessidade humana básica. O relacionamento entre as pessoas está intimamente ligado à confiança que uma deposita na outra, o que é fundamental para uma colaboração eficiente.

JUSTIÇA – Aumentar a transparência, melhorar a comunicação e garantir que regras básicas sejam claramente definidas e compreendidas podem ajudar a estabelecer ações e visões acordadas, e diminuir o senso de injustiça.

O SCARF, como dito anteriormente, abrange 5 domínios da experiência social que o cérebro trata da mesma forma que as questões de sobrevivência, ou seja, essas reações são todas “primitivas”. Por isso, o modelo ajuda a explicar por que pode ser tão difícil controlar algumas das nossas reações emocionais.

Sendo instintivas, infelizmente, não podemos simplesmente rechaçá-las, é necessário lapidá-las, e isso só pode ser feito identificando o impacto desses 5 elementos em nossa vida, pois quando temos mais controle sobre nossas emoções conseguimos impedi-las de prejudicar nossos esforços.

Na história que contei acima, se a Rafaela tivesse conhecimento do modelo SCARF, talvez ela tivesse conseguido perceber que João não estava simplesmente tendo um comportamento difícil, ele se sentiu “ameaçado”. A forma como ela gerenciou a situação fez com que ele se sentisse “inútil” e “passado para trás”, ao invés de se sentir apoiado por ela.

Ao adotar um comportamento no sentido de evitar desafiar o “status” do outro, Rafaela poderia ter oferecido mais autonomia ao invés de ter feito o trabalho de João, e poderia ter aprofundado o conhecimento que ela tinha sobre as dificuldades dele de fazer entregas e se organizar, através do desenvolvimento de rapport, inteligência emocional, uso de comunicação eficaz, transparência e técnicas de coaching.

Precisamos pensar em como aqueles com quem trabalhamos (e convivemos) são afetados por tudo o que falamos e fazemos, isso ajudará a desenvolver melhores líderes e membros de equipe.

Ao focar no SCARF desenvolvemos nosso potencial de reduzir conflitos, melhoramos o desempenho da equipe, aumentamos o envolvimento dos stakeholders e trabalhamos para nos tornarmos líderes mais eficazes.

Como os ensinamentos sobre persuasão de 2 mil anos atrás podem mudar sua carreira

Imagem Visual Hunt

Você sabe qual a principal moeda de troca do século XXI?

IDEIAS.

Da mesma forma que nosso conhecimento econômico evoluiu da agricultura para a indústria, hoje a nossa força está na capacidade de convencermos as pessoas a executar ideias, ou melhor dizendo, persuadi-las.

Pense nas interações que fazemos diariamente:

– Candidatos a vagas de emprego tem de persuadir os recrutadores a contratá-los;

– Políticos tentam persuadir as pessoas para conseguir seus votos;

– Líderes têm que persuadir seus liderados sobre a viabilidade de um novo projeto;

– Vendedores persuadem os clientes a comprarem seus produtos;

– Empresários persuadem investidores a apoiarem seus negócios.

E a lista continua…

Warren Buffet, investidor bilionário e filantropo norte americano, valoriza tanto a arte de persuasão que o único diploma que ostenta na parede de seu escritório é um Certificado de Oratória do curso da Dale Carnegie. Ele, inclusive, chegou a dizer para estudantes do curso de administração de empresas que melhorar sua habilidade de comunicação aumentaria seu valor profissional em 50% instantaneamente!

O mais interessante disso tudo, é o fato de que Aristóteles, há dois mil anos, já dava aulas de retórica para importantes figuras de sua época, suas ideias foram utilizadas pelos maiores comunicadores do mundo para construir alguns dos mais poderosos discursos e apresentações e continuam sendo atuais, simplesmente porque os tempos podem ter mudado, mas o funcionamento do cérebro humano continua sendo o mesmo!

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Por isso, quis compartilhar com vocês os principais conselhos deixados pelo famoso filósofo para sermos mais persuasivos e obtermos sucesso ao vender nossas ideias em nossos respectivos mercados de atuação, estejam eles dentro das organizações, ou em seu próprio empreendimento:

1.      ETHOS OU “CARÁTER”

Você já teve a oportunidade de assistir o advogado de direitos humanos Bryan Stenvenson no TED Talks? Em sua palestra, ele fala sobre a reforma do sistema judiciário norte americano, e inicia dizendo o seguinte (tradução livre):

“Eu passo a maior parte do meu tempo em presídios, cadeias e no corredor da morte. Eu passo a maior parte do meu tempo em comunidades pobres em projeto e lugares em que há muita desesperança”.

E continua nessa linha.

Em nenhum momento durante toda a sua fala ele menciona suas conquistas, formações, certificações e premiações, nada daquilo que normalmente encontramos como informações curriculares.

Ao mostrar a forma como se compromete com o bem-estar dos outros, ele constrói sua credibilidade e demonstra seu caráter para uma audiência formada por pessoas que não o conhecem, estabelecendo um relacionamento de confiança com esses ouvintes.

Aristóteles dizia que se seus atos não confirmam suas palavras, então você perderá credibilidade, pois enfraquecerá seus argumentos. Nosso cérebro está programado para procurar motivos para acreditarmos nas outras pessoas e isso acontece de forma rápida, por isso as primeiras impressões formadas sobre seu caráter são tão importantes.

Assista à palestra de Ryan Stevenson clicando aqui.

2.      LOGOS OU “RAZÃO”

Uma vez que você tem o Ethos, deve mostrar às pessoas por que elas deveriam abraçar sua ideia. Se você está falando sobre como é possível ter um aumento de renda, por exemplo, mostre qual o passo a passo desse processo. Use dados, evidências, e fatos para construir argumentos racionais.

3.      PATHOS OU “EMOÇÃO”

As pessoas ‘agem’ e ‘reagem’ de acordo com o que o palestrante as faz sentir. Aristóteles dizia que a persuasão não acontece sem emoção e que a melhor maneira de transferir essa emoção de um para o outro é utilizando o (atualmente) tão falado storytelling.

Estudos comprovam que as narrativas provocam uma onda de ocitocina em nosso cérebro, neuroquímico que conecta as pessoas em um nível emocional.

O curador do TED Talks, Chris Anderson, explica que as histórias que geram mais conexão são as histórias pessoais ou sobre pessoas próximas a nós, pois quando contadas de forma autêntica, as pessoas conseguem se relacionar com elas.

4.      METÁFORA

Se você é a pessoa que só ouviu falar sobre metáforas na época do colégio para passar nas provas de língua portuguesa, sugiro que aprofunde seu conhecimento sobre este tópico, pois como Aristóteles costumava afirmar, a metáfora confere à língua beleza verbal.

Ao utilizar uma metáfora ou uma analogia para explicar um novo conceito para a sua audiência, elas clarificam a ideia, tornando- a mais concreta.

Warren Buffet é um grande fã de metáforas e, inclusive, é conhecido por utilizá-las amplamente para explicar as atividades do mercado financeiro.

Em 2017, por exemplo, em seu discurso anual em Berkshire Hathaway disse que “o crescimento das despesas com saúde é a tênia da economia americana”. Esse foi o modo que ele encontrou de descrever, de forma simples, que um sério problema estava corroendo a base do sistema econômico norte-americano. Todos entenderam sua mensagem e até a mídia acabou adotando o termo.

Quando você utiliza metáforas você é capaz de transformar palavras em imagens, o que não apenas ajuda a plateia a entender sua ideia, mas a gravá-la mais facilmente para conseguir repassar para outras pessoas.

5.      CONCISÃO

Aristóteles já havia percebido, naquela época, que o ser humano possui um limite de absorção de informações. Por isso, quando se trata de persuasão, o menos é mais!

O filósofo nos ensina que um argumento deve ser expressado com a menor quantidade possível de palavras, e que todo discurso deve começar com o ponto mais importante, para prender a atenção do ouvinte.

A persuasão é uma arte que pode ser aprendida. Não caia no conto de que você “não tem o perfil” ou “não nasceu” para isso. Aqui, estamos falando de aprendizado e prática.

A classe política na antiga Grécia queria manter a fórmula da comunicação de Aristóteles um segredo para as grandes massas, pois acreditavam que divulgá-las ameaçaria seu poder, mas Aristóteles acreditava que que o uso de elementos da retórica na comunicação falada ou escrita era capaz de gerar mudanças de perspectivas, desencadear o potencial humano e maximizar a felicidade, afirmação com a qual não tenho como discordar.

Palavras e ideias moldaram o mundo moderno e têm o potencial de alavancar sua carreira e sua vida, desde que você consiga persuadir as pessoas a entender seu valor.