7 dicas para as futuras mamães arrasarem no planejamento financeiro

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Eu e a minha irmã mais nova, Karina, temos um ano e meio de diferença uma da outra e, apesar de termos personalidades totalmente opostas, ela sempre foi o yin para o meu yang.

Eu sempre rio quando me lembro de uma história que minha mãe nos contou sobre quando éramos crianças: nós duas estávamos com nossos pais em uma loja de brinquedos e deveríamos escolher um presente cada, de dia das crianças, eu escolhi um boneca cheia de enfeites, que falava, andava e acontecia, e a Ka escolheu um telefone de plástico, simples, que não tinha teclas, não emitia um som, não fazia nada, enfim…deu para entender a diferença, certo?!

Ela foi minha sócia por 7 anos, e após o hiato de um ano, decidimos fazer uma parceria, mas desta vez na forma de artigo. Este artigo!

A ideia surgiu em uma de nossas conversas, em que me contava sobre as dificuldades e as dúvidas que ela tem enfrentado desde que descobriu que estava grávida (no final do ano passado), e como ela e o companheiro têm se organizado desde então para a chegada do bebê. É misto de euforia, alegria e preocupação…muita preocupação, principalmente financeira.

A Karina e o Daniel, pai do meu sobrinho, são assessores de investimento, então, para eles, montar um planejamento financeiro não foi tão complicado como normalmente é para a maioria das pessoas, por isso, achamos que seria interessante compartilhar algumas dicas com vocês!

As dicas que a Ka escolheu foram baseadas na experiência pessoal DELA, e como profissional da área financeira, ela pontuou o que acha importante que as futuras mamães e papais saibam enquanto aguardam a chegada da cegonha. Portanto, leiam as dicas com calma e veja o que faz sentido para VOCÊ e SUA FAMÍLIA!

E para que elas se tornassem realmente imbatíveis, acrescentei algumas dicas de comportamento e inteligência emocional, que vão ajudá-los a manter o equilíbrio necessário para enfrentar essa fase cheia de emoções com mais tranquilidade.

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Bom, vamos às DICAS:

1.      INICIALMENTE, NÃO FAÇA NADA: Não, isso não é uma brincadeira de mal gosto. A questão é a seguinte: não inicie nada ou tome qualquer decisão enquanto estiver em um estado emocional intenso. É possível que, com a notícia de que a família irá aumentar, você se sinta feliz, angustiada, preocupada, nervosa, tudo ao mesmo tempo, é uma enxurrada de emoções, e esse é o PIOR momento para mexer um palito. Então, deixe as emoções se acalmarem primeiro e depois inicie seu PLANEJAMENTO.

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2.      COMECE A POUPAR: Sim, básico. Para alguns, o óbvio ululante. Mas a maioria dos brasileiros ainda não tem esse hábito. O ideal mesmo é começar a fazer sua reserva financeira antes de pensar em estender a família, pois imprevistos sempre acontecem! Mas se esse não é o seu caso, comece a poupar AGORA, lembrando que as despesas começam a chegar antes mesmo do bebê nascer, com quarto, enxoval, roupas para gestantes, pré-natal e despesas hospitalares (para quem não tem plano de saúde), etc.

No caso da Ka, ela ainda teve de procurar um apartamento maior, se também é o seu caso, adicione uma possível mudança de moradia como um potencial gasto, e sua organização e foco para poupar terão de ser maiores.

3.      LISTE DESPESAS FUTURAS: Quais serão os seus gastos durante a gravidez, no parto e, posteriormente? Não deixe de considerar fatores que podem lhe parecem improváveis, que são difíceis de encarar, mas que podem acontecer, como uma depressão pós-parto, complicações decorrentes do parto, etc.

Faça uma planilha para gerenciar quanto está gastando, com o que está gastando, e faça uma estimativa de qual será o seu custo fixo mensal com a chegada do bebê.

Planilha- autoria Karina Choi

4.      CORTE DESPESAS SUPÉRFLUAS: pesquisas indicam que os gastos familiares aumentam cerca de 30% durante os preparativos para a chegada do novo membro da família, por este motivo, no curto prazo, é prudente eliminar os gastos que considera supérfluos.

A Ka, por exemplo, redirecionou o dinheiro que gastava com vinhos (ela é sommelier), eventos sociais que costumava frequentar e academia para outras demandas.

5.      REORGANIZE SUAS PRIORIDADES: Esse tópico está diretamente relacionado ao anterior. A dificuldade na organização de prioridades em sua mente acaba gerando distração, e isso pode atrapalhar todo o seu planejamento. Sua vida irá mudar drasticamente em diversos aspectos, por isso, neste momento, é imprescindível manter o foco!

6.      INICIE O PLANEJAMENTO FINANCEIRO DO SEU FILHO(A): com o orçamento familiar organizado, (receitas e despesas), entenda qual é o melhor investimento que você pode fazer para o longo prazo, como uma previdência privada. Se estiver inseguro para tomar essa decisão, peça ajuda a uma assessoria especializada, alguns deles prestam consultoria sem custo algum.

7.      SEGURO DE VIDA: as pessoas que trabalham no regime de CLT costumam receber o seguro de vida como um benefício da empresa, mas se você tiver condições financeiras pense também em investir em um seguro de vida privado (esses seguros costumam ser caros), isso garantirá a escolaridade e conforto da criança, caso o pior aconteça (“bate 3 vezes na madeira”).

Além disso, os filhos crescem, fazem cursos, faculdade, viagens…É importante manter uma visão de longo prazo sobre essas novas despesas. Em um mundo dinâmico, vulnerável, cheio de instabilidades e incertezas, pense em garantir para você e sua família uma tranquilidade que poucos conseguem alcançar.

Dadas as dicas, gostaria de lembrá-las de que eu, Lúcia, e a Karina estamos à disposição para conversar com vocês e esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir!

Apesar de estarmos no mês em que se comemora o dia internacional das mulheres, é sempre importante lembrar que a troca de experiências é muito enriquecedora e que precisamos cultivar mais a SORORIDADE, principalmente nos momentos em que identificamos vulnerabilidade em nós mesmas, e na outra.

Nossas portas estão sempre abertas!

Desejamos a todas um bom planejamento e, se for o seu caso, uma boa hora!

6 hábitos (inconscientes) que estão prejudicando a sua carreira

Você já parou para refletir no que faz todos os dias?

Você acorda, xinga o despertador, pega o celular, dá aquela conferida nas suas redes sociais favoritas, toma um banho, ‘engole’ seu café e vai para o trabalho. Chegando lá, deixa sua bolsa/mochila em cima da mesa, liga o computador, e vai pegar um café e trocar uma ideia com a colega. Você volta para sua mesa, checa seus e-mails pessoais, os de trabalho, e a rotina segue.

Acredite ou não, mas 95% dos pensamentos que temos durante um dia são automáticos. Você não precisa pensar para escovar os dentes, você simplesmente o faz, e isso acontece com tudo que incorporamos à nossa rotina!

Gif by Giphy

E uma vez na rotina, a ação vira hábito, e hábitos são muito difíceis de mudar. O tempo médio que as pessoas levam para conseguir modificar um comportamento é de 3 a 6 meses.

A boa notícia é que, com um trabalho de autoconsciência, é possível identificar quais são suas disfuncionalidades e adotar ações para excluí-las do seu dia a dia de trabalho.

Fiz uma lista dos seis comportamentos que mais prejudicam a carreira das pessoas quando não observados e gerenciados:

1.     EVITAR CONFLITOS: costumamos usar ferramentas como a fuga ou intimidação para mascarar inseguranças e evitar expor nossos medos, incertezas e erros.

Uma vez compreendida a origem e o motivo do conflito, se não souber por onde começar, procure conselhos de pessoas próximas sobre como enfrentar o problema. Você também pode utilizar-se da técnica de “experiência de referência”, e encenar a situação repetidas vezes em sua mente, dessa forma, você se sentirá menos desconfortável quando o conflito acontecer, pois seu cérebro entenderá que você já passou por um momento similar e saberá como agir.

Se estiver nervoso, comece apenas escrevendo seu plano.

É sempre melhor responder à situação direta e pessoalmente.

2.      IMPULSIVIDADE: esse hábito pode incluir respostas emocionais imprevisíveis, como raiva e frustração, o que pode gerar crises em relacionamentos e problemas de suporte e aceitação. Para evitar explosões emocionais, tente prever as consequências de antemão, fazendo-se perguntas como:

 Onde e quando é mais provável que falhe?

 Como isso será percebido por outras pessoas dentro e fora da organização?

 Que tipo de experiência eu quero criar para as pessoas que se comunicam comigo ou que estão sob a minha liderança?

Entenda quais são seus gatilhos, o que deseja mudar e faça uma lista de ações que pode adotar para evitar que tenha esse tipo de reação e, se tiver, o que você pode fazer para contorná-la.

Dei uma dica bastante simples do que pode ser feito nesse tipo de situação neste vídeo.

3.      TERCEIRIZAÇÃO DA CULPA: esse é o problema mais comum identificado por profissionais nas organizações, e é um dos principais elementos que atrapalham a resolução de problemas.

Para quebrar esse hábito, analise as situações que possibilitam que isso aconteça:

– Você/sua equipe “fizeram tudo o que puderam” e, portanto, não são responsáveis pelo resultado;

– Você/sua equipe são impotentes e, como vocês não tinham controle sobre a situação, não merecem a culpa; ou

– As outras pessoas são más, ruins ou dignas de culpa.

Não tenha medo de abraçar sua responsabilidade, assuma-a! Aprenda com seus erros, reconheça os seus limites e questione-se sobre o que pode ser feito com o controle e a influência que você possui.

4.      MANIA DE CONTROLE: isso pode ser visto pelas outras pessoas como microgerenciamento, o que gera desmotivação.

Se você tem esse hábito, considere fazer acompanhamentos espaçados para receber atualizações, compartilhe metas e métricas e ofereça conselhos enquanto capacita sua equipe. Comunique-se mais e faça alinhamentos para diminuir o controle.

Entenda que os resultados não são apenas seus, são de toda a equipe. 

5.      PERFECCIONISMO: você já deve ter ouvido falar que não se deve mencionar o perfeccionismo como “defeito” nas entrevistas de emprego. A ironia está no fato de que ele pode, sim, ser um problema! E pode atrapalhar muito a sua produtividade, da sua equipe e da sua empresa.

Se você busca por perfeição o tempo todo acaba perdendo prazos e oportunidades. Concentre-se em, por exemplo, confirmar padrões de trabalho com seus colegas, busque feedback sobre os resultados, custos e prazos.

Pergunte-se como o perfeccionismo afeta seus relacionamentos.

Você está estabelecendo padrões irreais para aqueles que o rodeiam?

6.      FOME DE PODER: os adeptos da gestão de comando e controle tendem a tomar decisões rápidas, unilaterais e alienar as pessoas ao seu redor, o que pode sobrecarregar a equipe.

Para evitar que isso aconteça, implemente medidas de responsabilização, pois a falta de responsabilidade cria um ambiente favorável para esse tipo de atitude. Para cada promessa feita, certifique-se de que ela poderá ser cumprida. Para cada decisão que tomar, forneça evidências e um plano.

Foque em conquistar (ou reconquistar) a confiança das pessoas.

Lembre-se de que essa lista não é taxativa.

Utilize-a como base para avaliar a forma como tem se comportado em seu ambiente de trabalho. Gere uma consciência sobre o que você faz, por que o faz, se isso está lhe beneficiando ou prejudicando. Esse é o primeiro passo para adoção de hábitos que contribuam com o desenvolvimento de sua carreira.

6 Dicas Importantes para Evitar o Temido BURNOUT

Imagem: google

A última publicação da revista Exame trouxe como matéria principal a Síndrome do Burnout, que gerou grande repercussão. Isso levanta um sinal alarmante, pois indica que os brasileiros, atualmente, estão estafados com seus trabalhos a ponto de adoecerem.

Em 2018, a síndrome do Burnout foi reconhecida como um diagnóstico médico legítimo e inserida na Classificação Internacional de Doenças (ICD-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento descreve o Burnout da seguinte forma (tradução livre):

“O Burnout (esgotamento) é uma síndrome conceitual resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizado por três dimensões:

 1) sentimentos de esgotamento de energia ou exaustão;

2) maior distanciamento mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados a ele; e

3) eficácia profissional reduzida.

O Burnout refere-se especificamente a um fenômeno do contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.”

Não é difícil identificar-se com um ou mais dos três tópicos listados acima, afinal, quem nunca se sentiu exausto e desanimado a ponto de apenas conseguir pensar no quanto você gostaria de deixar o seu emprego.

Alguns anos atrás eu vivi essa experiência, quando trabalhava em uma empresa multinacional de consultoria, não cheguei a desenvolver o Burnout, mas atingi um dos picos de estresse mais altos da minha vida.

Eu me sentia cansada o tempo todo, só reclamava, era grosseira com as pessoas e não via meu rendimento melhorar. Além disso, meu corpo começou a dar sinais de fraqueza, tinha sono agitado, minhas costas eram cobertas de espinhas, tinha uma leve gastrite que me impedia de comer alguns alimentos, e ficava constantemente gripada devido à baixa imunidade.

Como resultado, eu deixei a empresa para abraçar a oportunidade de empreender. Colocando dessa forma parece até que foi uma ótima escolha, mas não foi. Eu não fiz uma transição de carreira adequada, eu simplesmente saí correndo daquele lugar porque já não sabia mais como lidar com o estresse, e isso me gerou muitas consequências desagradáveis que perduraram anos.

Por esse motivo, gostaria de compartilhar com vocês as 6 principais situações[1] que causam o temido BURNOUT e o que você pode fazer para evitá-las:

        1. Carga de Trabalho: Se você se sente constante sobrecarregado, isso indica que você dificilmente tem a oportunidade de parar, descansar e se reequilibrar. Para entender o estresse gerado pela carga de trabalho, observe com cuidado como estão suas habilidades-chave de gerenciamento de tempo:

– Planejamento do trabalho;

– Definição de prioridades;

– Delegação de tarefas;

– Dizer “Não”; e

– Abandonar o perfeccionismo.

Organizar essas estruturas pode lhe proporcionar períodos de descanso, ou ao menos desaceleração. Para algumas pessoas, reduzir o sentimento de sobrecarga reduz significativamente a sensação de Burnout.

          1. Percepção de Falta de Controle: o seu chefe lhe envia mensagens o dia todo até altas horas da noite; você tem de responder os e-mails que entram na sua caixa quase que imediatamente; as prioridades no seu local de trabalho estão constantemente mudando e você nunca sabe o que deve fazer primeiro; você não tem uma estrutura que lhe proporcione acesso à recursos físicos e humanos adequados para você fazer seu trabalho.

Conseguiu identificar-se com alguma dessas situações?

Quando sentimos que não temos controle sobre o que fazemos, nossa qualidade de vida cai vigorosamente.

Nestes casos, tente mudar o seu cenário usando a comunicação: converse com seu chefe sobre horários de trabalho, e tente estabelecer um limite; organize uma lista com seus afazeres e alinhe com seu superior ou colega o que realmente é prioridade, por exemplo. Desta forma, você conseguirá entender o que é possível ser modificado com um pouco de influência e o que não mudará de jeito nenhum.

3. Gratificação: você dá o seu sangue pelo trabalho, mas sente que o que recebe em contrapartida não condiz com o que você merece por tanto esforço. O que você precisa para se sentir reconhecido? Se for um aumento ou uma promoção, ou a necessidade de receber mais feedbacks, ou que eles sejam mais específicos: converse com seu chefe. Talvez você queira tirar alguns dias de folga para compensar um banco de horas, fale com ele também. É importante criarmos nossas próprias oportunidades, afinal, o NÃO você já tem.

        1.  4. Comunidade: como é o clima no seu ambiente de trabalho, e seu relacionamento com seus colegas e clientes? Quando não temos o poder de escolher com quem iremos trabalhar, podemos ao menos tentar mudar a dinâmica do ambiente. Quando uma pessoa na equipe está estressada, ela contamina todos os que estão ao seu redor, e o mesmo acontece com a gentileza. Dê um “bom dia” animado para seus colegas, pergunte a eles como estão e (realmente) escute sua resposta, envie um e-mail de agradecimento para alguém por sua ajuda, mude o tom que usa para falar com as pessoas, sem julgamentos.

Você vai perceber que, quando mudar seu comportamento com relação às pessoas, elas mudarão o comportamento delas com relação a você.

5. Equidade: você sente que recebe o mesmo tratamento que os seus pares? Se o motivo for o sentimento de inequidade, manifeste-se! Às vezes os vieses não são tão óbvios para todas as pessoas, então diga como se sente e o que você quer, entenda o que está gerando o problema e se existe uma forma de remediá-lo. Engaje-se em resolvê-lo com seu líder e sua empresa.

6. Incompatibilidade de Valores: quando os seus valores não são compatíveis com os valores do local onde você trabalha o engajamento e a motivação serão difíceis mesmo! Observe se esse é um problema da empresa como um todo, ou apenas da sua liderança direta, e verifique se eles estão dispostos a flexibilizar e mudar. Se a incompatibilidade for muito grande e beirar o insuportável, considere fazer uma mudança, seja de empresa, de local, de sociedade.

O Burnout não é um problema simples, justamente porque apresenta diferentes facetas. Então, antes que você tome uma decisão da qual se arrependa posteriormente, como pedir demissão ou fazer uma transição de carreira mal planejada como eu fiz anos atrás, faça uma análise dos seus contextos, entenda exatamente o que está contribuindo com seu estresse e tente fazer mudanças e/ ou adaptações antes de bater o martelo e dizer “chega”.

[1] A divisão que usei foi criada em 1999 pelos pesquisadores Christina Maslach e Michael Leiter da Universidade da California em Berkeley e Universidade Acadia, respectivamente. Eles batizaram o modelo de “Areas of Worklife model” – Modelo de áreas da vida profissional, o qual identifica as seis áreas mais propensas ao desenvolvimento do Burnout.

 

Sua motivação pode ser causada pela inveja. Saiba como evitá-la.

 

Muitas são as teorias sobre o que gera motivação nos ambientes de trabalho, sobre como compreender as necessidades e desejos do seu liderado podem aumentar seu engajamento e conduzi-lo a agir desta ou daquela maneira. O campo de análise sobre o comportamento organizacional é bastante vasto nesse sentido e eu mesma estudo muito sobre o assunto.

E foi justamente durante essa jornada que me deparei com publicações acadêmicas que evidenciam que a inveja desempenha um papel dominante na sociedade como fator de motivação desde os primórdios. Contudo, falar sobre ela hoje é, nitidamente, um tabu, principalmente nos textos que falam sobre gestão.

Ocorre que, ter uma melhor compreensão do que gera a inveja acaba sendo extremamente útil, pois confere mais realismo aos estudos sobre motivação do comportamento humano nas organizações e fornece um apoio mais sólido aos profissionais, como eu, que lidam com isso diariamente.

Quando as boas intenções se voltam contra você…

Nicolas Fouquet foi um dos ministros das finanças de Luís XIV durante seu reinado no século XVII.

Fouquet vivia e contemplava a beleza e o prazer em todas as suas formas e, um dia, decidiu dar uma festa descomunal em homenagem ao rei em sua propriedade, um dos castelos mais bonitos e deslumbrantes da França, na época.

Contudo, o que era para causar agrado, acabou gerando o efeito contrário em Luís XIV e outras personalidades, o que levou à abertura de um inquérito sobre irregularidades financeiras contra Fouquet para averiguar como ele conseguia manter um estilo de vida tão luxuoso. O então ministro foi preso e condenado à prisão perpétua, morrendo 19 anos mais tarde, em uma fortaleza em Savóie, nos Alpes Franceses.

As ações do rei, motivadas pela inveja travestida de ato anticorrupção, foram a ruína de Fouquet.

Isso demonstra como ninguém nunca se atreve a confessar que sente “aquilo que não pode ser nomeado”, pois reconhecer sua presença equivale a admitir um sentimento de inferioridade e hostilidade, que podem ser destrutivos.

Mas o que nos leva a sentir esse ressentimento?

Nós nos ressentimos com as pessoas pelo que elas têm, pelo que nós queremos, ou pelo que nós sentimos que merecemos, isso porque, de acordo com o sociólogo austríaco Helmut Shoeck, “o homem experimenta uma grande necessidade de igualização”. Explico.

No ambiente de trabalho, por exemplo, a equidade existe quando os indivíduos percebem que o coeficiente de seus esforços sobre suas gratificações é equivalente à de outros colaboradores em posição semelhante, o que, em termos mais simples, significa que existe o sentimento comum na organização de que o que cada um recebe pelo seu trabalho é igual para todos os seus pares, e que ninguém está sendo beneficiado em detrimento de outros.

A inveja tem o poder de transformar pequenos desentendimentos em brigas irracionais homéricas por “justiça”.

Isso não apenas desvia a atenção do que é mais importante no trabalho em si, como também demonstra o que acontece quando baseamos nosso senso de “bem-estar” na comparação com os outros, ou no tempo que perdemos tentando impedir que os outros se comparem a nós.

Já pararam para pensar em como é paradoxal a situação que a inveja causa: falar sobre ela é um tabu, mas normalizamos sua presença em nosso dia a dia, o que tem nos tornado cada vez mais destrutivos.

O que fazer para impedir que a inveja se espalhe pelo ambiente?

Muitas pessoas associam a inveja a emoções de crianças ou adolescentes imaturos, mas não é! E torna-se tóxica quando cultivada (ou negligenciada), principalmente por líderes em uma organização.

Para evitar que a inveja gere uma cultura de comparação em sua equipe ou em qualquer contexto, o primeiro passo é o AUTOCONHECIMENTO, entender e perceber nossos próprios comportamentos invejosos, para que seja possível manter atitudes coerentes.

Quando identificar o sentimento de inveja surgindo faça-se 3 perguntas:

          1. O que “os outros” têm que fazem com que eu me sinta inferior?
          2. Como esse vazio que sinto pode ser preenchido?
          3. O que aconteceria se “os outros” não tivessem isso que eu quero?

Assim, da próxima vez que se sentir preterido para encabeçar determinado projeto, ao invés de começar a odiar o seu superior por achar que ele pensa que outra pessoa é mais competente que você, e a diminuir as qualidades da pessoa que ocupará a posição que você gostaria, procure seu líder e questione-o sobre sua decisão.

É bastante provável que você descubra que as teorias que criou em sua mente não fazem o menor sentido. E, caso você realmente não tenha as competências requeridas para o trabalho, procure entender com seu líder quais são suas lacunas, o que você pode melhorar e/ou desenvolver, acesse o seu colega considerado mais preparado para ajudá-lo (a), busque um profissional que possa apoiá-lo no alcance dessas metas.

Isso o tornará um profissional cada vez melhor, mais produtivo e preparado para enfrentar o mercado. Encare esse tipo de situação como uma oportunidade de crescimento e não de fracasso ou ressentimento.

Sempre foque sua atenção no que você pode controlar (como na interpretação dos motivos que levaram seu chefe a fazer determinada escolha e seu próprio desenvolvimento), e evite gastar energia focando naquilo que você não tem como controlar (como as motivações do seu chefe), seja gentil, humilde, consciente e, acima de tudo, viva de acordo com os seus valores.

O bem-estar se tornou uma síndrome, tome cuidado com ela

Ultimamente tenho me questionado sobre como as pessoas se tornaram tão obcecadas por si mesmas? Até que ponto isso é sustentável? O que isso está fazendo conosco?

Os autores Carl Cederstrom e André Spicer discutem em seu livro Wellness Syndrome (Síndrome do bem-estar) como a pressão para atingir o chamado “bem-estar” tornou-se um comando moral, e como isso acabou se tornando uma “imposição onerosa” para as pessoas.

Cederstrom e Spicer descrevem o “bem-estar” como um “trabalho emocional extra” para todos que, no dia a dia, já tem muito no que pensar e executar. Discutindo os trabalhadores dos armazéns da Amazon, por exemplo, os autores observam: “Embora estejam em uma situação precária, eles são obrigados a esconder esses sentimentos e a projetar um eu confiante, otimista e empregável.”

Mas e quanto aos adeptos do movimento do “eu quantificado” (quantified-self), que usam ferramentas e aplicativos para rastrear não apenas a qualidade de seu sono, mas quantos passos dá por dia, quantas calorias ingere, quantos litros de água toma e assim por diante?

É mais fácil descartar tudo isso como sendo um egocentrismo ativado tecnologicamente, mas os autores oferecem um diagnóstico mais compreensivo e preocupante: talvez essas pessoas tenham “desistido de seu projeto pessoal e tenham entregue voluntariamente seus corpos à uma causa maior, a da produtividade”.

É como se existisse uma incompatibilidade entre manter o bem-estar individual e conviver em sociedade. Perceba que cada um tem uma definição de bem-estar diferente, não existe uma fórmula mágica que atenda às necessidades de todos.

Acabamos sucumbindo às fugazes tendências de alimentos, moda e saúde. A tecnologia praticamente extinguiu a fronteira entre vida pessoal e vida profissional. Existe a expectativa de que façamos cada vez mais e mais e mais, não importa o que, e para que estamos fazendo, o que acabou transformando a busca por aperfeiçoamento pessoal em uma corrida maluca.

Mas, novamente, ficamos com as perguntas: aperfeiçoar o que? E para que (ou quem)? Buscar desenvolver uma nova habilidade, uma nova competência, ir com mais frequência à academia, comer de forma mais saudável, aprender uma nova língua, fazer 50 novas amizades por mês, meditar duas vezes ao dia, afinal, o que você está buscando? Isso realmente faz sentido para você? Complementa quem você é, ou lhe transforma em outra pessoa? Você sente essa pressão vindo da sua família, da sua equipe no trabalho, da sociedade?

Tomem cuidado com a lavagem cerebral que essa ditadura do bem-estar pode fazer. É possível que, mesmo não chegando a esse ponto, ainda nos deixaremos seduzir por algum aspecto dela.

É saudável e importante preocupar-se em querer melhorar, principalmente se nossa definição de “bem-estar” englobar também habilidades intelectuais ou comportamentos em relação aos outros. Precisamos de uma nova atitude. Esses autores, sem dúvida, concordariam que não há nada errado em estar bem ou querer estar bem. Mas, como mostra seu livro, ser bem informado é uma questão completamente diferente. Conhecer-se é uma questão completamente diferente, e é necessária, principalmente quando se trata de saúde mental.

Uma sociedade onde o “bem-estar” é obrigatório é uma sociedade doente.