Pequenos estresses do dia a dia podem nos levar ao Burnout – Entenda como evitar que isso aconteça com você.

Pode ser o fato de você ter que acordar todos os dias às 5 da manhã.

Pode ser seu colega de trabalho que disse que entregaria o projeto naquele dia, e não entregou.

Pode ser aquele e-mail que você recebeu do cliente, que pareceu mais grosseiro que o comum.

Pode ser o elevador cheio.

Pode ser a demora do carro da frente em seguir viagem quando o farol abre.

Pode ser a preocupação de ter sido rígido demais na resposta que deu ao seu filho.

Pode ser os muitos e-mails que você recebe de um assunto que sequer diz respeito a você.

Pode ser aquele colega que reclama o tempo todo.

Pode ser aquele trabalho que seu chefe insiste que você faça, mesmo não concordando com ele.

Pode ser a longa fila para conseguir embarcar no ônibus.

Pode ser aquela pessoa que sempre te faz exatamente a mesmíssima pergunta, sobre o mesmíssimo assunto.

Algum deles lhe soa familiar?

Todas as situações listadas acima são exemplos do que pode acontecer conosco rotineiramente. Elas costumam surgir como desafios momentâneos, mas possíveis impactos negativos gerados por elas sobre nós podem durar horas, senão dias!

E nós dificilmente percebemos a forma como elas podem nos afetar justamente porque são parte do nosso dia a dia. Quando desenvolvemos um hábito, passamos a executá-lo automaticamente, como escovar os dentes ou fazer café.

O modo como lidamos com nossas demandas pessoais e profissionais é diretamente afetado pelo estresse que sentimos, pois eles esvaziam nossas reservas emocionais e colocam em xeque nossos valores e identidade.

“Lembra-se daquele dia que ficou sabendo que aquela pessoa que parecia tão plena teve um Burnout, do nada?”

Então, não foi “do nada”.

Picos de estresse podem ser causados por pequenos estresses que estão profundamente enraizados em nossas vidas. Tratam dos exemplos citados anteriormente que, uma vez “normalizados”, passam a ser ignorados pelo nosso pensamento consciente.  

Neste caso, não há um gatilho específico que desencadeará reações irascíveis, ele vai sendo construído pouco a pouco, tem efeito cumulativo, até que um dia…eclode.

E é justamente por esse motivo que tentar lidar com esses micro estresses da mesma forma como lidamos com problemas maiores em nossas vidas pode não ser a melhor ideia.

Imagine se parássemos para analisar nossos pensamentos e sentimentos sempre que algo tivesse o potencial de nos incomodar: nós simplesmente faríamos apenas isso o dia todo!

E como resolvemos esse problema?

A primeira atitude que você pode tomar é repassar seu dia mentalmente, em seguida, descrever cada uma das situações que lhe incomodaram  – em maior ou menor grau – naquele dia, escolher 2 ou 3 dos micro estresses que mais lhe incomodam e focar em resolvê-los.

Converse com pessoas que você confia, pois além de ajudar a aliviar a tensão, podem te ajudar a enxergar a situação de uma perspectiva mais ampla.

Isso por si só já contribuirá com a redução de parte do peso da carga.

Afaste-se de relacionamentos tóxicos ou de ambientes que afetam seu bem-estar.

A maior parte dos pequenos estresses que nos atingem são causados por pessoas. Nesse caso, é possível amenizar o peso da carga negativa adotando ações como:

  • Sentar-se longe do colega que só reclama, ou explicar a ele que você não pode dar a atenção que ele precisa naquele momento, mas que vocês podem conversar em outro horário.
  • Chegar alguns minutos antes ou depois, seja para evitar pegar o elevador sempre cheio, a fila do ônibus, do restaurante ou do microondas na hora do almoço.
  • Ser claro e sincero com a pessoa que está o questionando pela quinta vez sobre o mesmo assunto. Com gentileza, lembre-a de que vocês já conversaram sobre o assunto X vezes, que você irá explicar mais uma vez, mas que será a última, porque ela tem que ser mais atenta e responsável com assuntos que são importantes para seu trabalho.

Invista mais em atividades e pessoas que contribuem com o seu bem-estar

Todos temos aquele colega que nos faz rir o tempo todo, aquele que nos ajuda a manter uma perspectiva de vida mais positiva, ou conhecemos aquela “tia do café” que pode ficar horas contando histórias divertidíssimas. Identifique quem são essas pessoas e passe mais tempo com elas!

Se, por exemplo, fazer exercícios pela manhã te ajuda a relaxar, incorpore-os com mais frequência à sua rotina.

Se se sente bem ajudando os outros, envolva-se mais com programas voluntários.

Almoce sozinho ouvindo um podcast ou assistindo um episódio daquela série que você acompanha quando não estiver com vontade de socializar e sentir que precisa “tirar a cabeça do trabalho” e relaxar.

Quando estamos preocupados com alguma coisa, ou quando estamos aguardando uma notícia importante, atualizamos a página da internet a cada 30 segundos para checarmos as novidades em primeira mão.

E o que nos impede de fazemos a mesma coisa com o nosso bem-estar e saúde mental?

Acompanhe-as mais de perto, mantenha-as atualizadas, e evite que as pequenas frustrações do dia a dia se tornem futuros grandes problemas em sua vida.

Imagem de Sydney Rae via Unsplash

Em busca do bem-estar estamos nos adaptando a uma sociedade doente

Imagem de Viktor Talashuk via Unsplash

Historicamente, o conceito de bem-estar começou a ser cunhado no século 17, e estava ligado apenas à saúde física, era praticamente sinônimo de “ausência de doenças”.

No século 18, o conceito passou a ser atrelado à bens materiais que supriam as necessidades básicas de limpeza e higiene que impactavam a saúde das pessoas naquela época.

Atualmente, a percepção sobre bem-estar e saúde tornou-se muito mais ampla, e envolve os aspectos mental, emocional, físico e social.

Eis que me deparei com a seguinte questão: o que “bem-estar”, afinal? Como as pessoas alcançam o bem-estar?

Naquele momento, eu recorri ao Google nosso de cada dia, claro!

E eu posso te dizer que muitos dos manuais de “bem-estar” disponíveis na internet irão te dizer que para alcançá-lo, precisamos:

1 – Fazer escolhas simples e saudáveis diariamente;

2 – Reduzir o estresse; e

3 – Ter interações sociais positivas.

Parece mesmo muito simples.

Agora, quando desligamos o computador e temos que encarar a realidade, a situação é um pouco mais complicada. Hoje, nós somos tão “pressionados” a ter uma vida saudável e feliz, que a preocupação deixou de ser com o bem-estar em si, e passou a ser com o fato de que a saúde é tratada como uma ideologia.

Quando afastamos o “bem-estar” da ideia geral de “nos sentirmos bem”, e transformamos o conceito em algo que devemos fazer para viver de maneira verdadeira e feliz, ele assume um novo significado e passa a ser uma obrigação moral.

Vou dar um exemplo bem simples: durante muito tempo, em um passado recente, eu usei um relógio que, dentre outras funções, contabilizava todos os passos que eu dava em um dia. Eu tentava dar, pelo menos, 8 mil passos por dia, mas achava 10 mil passos o ideal (simplesmente porque é um número redondo).

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Depois, entrava no aplicativo do relógio, no celular, que comparava meus dados com os de outros usuários do mundo inteiro e eu ficava mal quando via que não tinha caminhado mais do que 80% das pessoas. Sentia-me preguiçosa e fracassada por não ter conseguido executar uma atividade tão simples, mesmo sabendo que aquilo era um exagero. E eu agia da mesma forma todos os dias.

E essa obrigação moral de sermos saudáveis e felizes, da qual somos cansativa e constantemente lembrados, foi batizada pelos pesquisadores Carl Cederstrom e Andre Spicer, autores do livro “The Wellness Syndrome”, de biomoralidade.

lógica da biomoralidade é a seguinte: ela te dá uma sensação meio presunçosa de dignidade, fazendo você pensar que está do lado certo de uma suposta ‘lei moral’. Te faz pensar que se as pessoas fossem mais como eu, você – ou como a Gisele Bundchen – o mundo seria um lugar muito melhor, mais saudável, mais feliz.

Vocês devem se lembrar de uma situação que aconteceu cerca de 3 anos atrás, em que uma modelo da Playboy foi condenada nos Estados Unidos por divulgar e ridicularizar, no Snapchat, a foto do corpo de outra mulher, nua, no banheiro de uma academia.

Dani Mathers, então com 29 anos, compartilhou duas imagens: uma da mulher, que é idosa, e tinha 70 anos na época, e uma segunda em que ela ri e faz cara de nojo, de deboche.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

“Se eu não posso ‘desver’ isso, você também não pode”, foi a legenda que a modelo colocou em cima da imagem da mulher nua.

É claro que ela foi alvo de muitas críticas na internet por ter praticado body shaming, foi condenada pela justiça do estado da Califórnia, demitida de seu emprego em um programa de rádio, e teve a entrada nessa rede de academias permanentemente proibida.

Mas o principal problema dessa história é que esse tipo de mentalidade não é exclusivo dela.

Nós somos constantemente encorajados a ter nojo do corpo das pessoas que não seguem o “padrão”, e como se não fosse ruim o bastante, somos encorajados a sentir nojo do que as pessoas comem.

Na verdade, comer se tornou uma atividade paranoica. O ato de comer não se destina mais a proporcionar prazeres momentâneos ou de felicidade com pessoas queridas em volta de uma mesa.

“Comer” coloca sua identidade à prova.

Pense, por exemplo, no que você costuma pedir no restaurante quando está fazendo uma reunião com o cliente durante o almoço.

Ou no que você come quando sai pela primeira vez com aquela pessoa que tanto queria.

Você pede o que realmente quer comer ou o que você acredita que transmitiria uma imagem sua melhor?

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Hoje, comer de forma correta tem sido associado ao caminho para uma vida próspera, é uma conquista, demonstra para a sociedade uma superioridade no que diz respeito a “viver bem”.

Essa insistência de que o indivíduo é capaz de escolher seu próprio destino, supondo que temos 100% de controle sobre nossas próprias vidas, mesmo quando as circunstâncias não estão a nosso favor, acaba provocando sentimento de culpa e ansiedade.

Pesquisas revelam que as pessoas fazem dietas muito mais com a intenção de aliviarem o sentimento de culpa que elas carregam, do que para perder peso.

Você é responsável pelo seu emagrecimento e pelo seu bem estar? Sim. Mas é o único responsável? Não. 

Em tempos como estes, em que a imagem ocupa um papel crucial na sociedade, distinguir o que é real do que não é está cada vez mais difícil. Nossa obsessão com a busca superficial pela felicidade destruiu nosso relacionamento com o que é real.

Na minha humilde opinião, quando as pessoas não acreditam mais na transformação política, não acreditam mais que o mundo pode ser mudado para melhor, elas colocam todas as suas energias em querer melhorar a si mesmos.

Cria-se uma espécie de entusiasmo ingênuo em tornar nossas vidas melhores, através do que seria a melhoria do nosso estilo de vida imediato.

Existe a expectativa de que façamos cada vez mais e mais e mais, não importa o que, e para que estamos fazendo, o que acabou transformando a busca por aperfeiçoamento pessoal em uma corrida maluca, que é vista como um comportamento normal pela sociedade!

Acompanhar obsessivamente o nosso bem-estar, enquanto continuamente encontramos novos caminhos de autoaperfeiçoamento deixa pouco espaço para viver.

Há uma crença bastante enraizada na sociedade de que se a maioria sente, acredita ou faz, então é “normal”. E, então, serve de guia para o comportamento geral. O problema é que nem todas as normas são benevolentes.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Mas será que é normal achar normal o que não deveriam ser…normal?

É saudável e importante preocupar-se em querer melhorar.

E não há nada de errado em estar bem ou querer estar bem, mas se conhecer e ser bem informado é completamente diferente de aderir ao espírito de rebanho, em que se age de forma automática e inconsciente.

Como dizer ao seu parceiro que você precisa de “um tempo só para você”.

Esses dias recebi o telefonema de uma amiga que queria conversar, porque o seu parceiro tinha acabado de fazer as malas e sair de casa. Escutei a história com o coração despedaçado por ela. Já há alguns meses eu vinha acompanhando a valsa descompassada dos dois e as muitas tentativas dela de fazê-lo se abrir e ser transparente, pois a falta de comunicação e confiança estava claramente afetando a relação entre eles.

O longo caminho que ela percorreu na tentativa de fazer o casamento melhorar foi desgastante, e ao falar com ela era possível sentir a falta de esperança em sua voz.

Durante esta crise, tenho escutado diversas narrativas de casais desabafando sobre a dificuldade de gerenciar os relacionamentos, que – sem intenção nenhuma de fazer chacota – são basicamente variações de “se nós não ficarmos em cômodos diferentes em casa vamos nos matar”.

Imagem pxhere

Estar juntos 24 horas por dia não está sendo uma tarefa tranquila para muitas pessoas, principalmente porque, impossibilitados de sair, acabamos não conseguindo ter um “tempo para nós”. Eu, que sou introvertida, aprecio e preciso ter os meus momentos ‘sozinha’, mas há quem não goste ou não consiga ficar sozinho.

Minha amiga, em meio a todo o seu sofrimento, optou por mergulhar de cabeça no trabalho, na resolução de problemas familiares, e simplesmente ignorou todas as suas necessidades pessoais.

Contudo, se não nos reenergizamos constantemente, uma hora ou outra atingimos o nosso limite, e então o tempo que levamos para recarregar as baterias acaba sendo muito maior.

O interessante é que maioria das pessoas se esquece do princípio básico:

“Coloque a sua máscara antes de ajudar a outra pessoa”. 

Mesmo quando temos consciência da importância de dedicarmos parte do nosso tempo à nossa saúde física e mental, a tarefa de comunicar nossas necessidades pessoais aos nossos parceiros pode não ser tão simples assim, muitos acabam se vendo diante de uma muralha de sentimentos de culpa e vergonha, sem ideia de como farão para escalá-la e chegar ao outro lado.

Fonte: Giphy

Para evitar que os efeitos da falta de comunicação, acompanhados de ressentimento e exaustão, recaiam sobre o seu relacionamento, em primeiro lugar, saiba o que você precisa.

Isso pode parecer óbvio, mas não é incomum confundirmos o que precisamos, com o que queremos, e existe um espaço enorme entre os dois verbos.

Reserve alguns minutos do seu dia para colocar no papel quais atividades lhe trariam maiores benefícios, sinta e deixe a sua mente fluir, não pense demais. No meu caso, quando se trata de relaxar, me imagino em uma casa no campo, em um dia ensolarado, sentada em uma poltrona confortável ao ar livre, bebendo um bom vinho e lendo um bom livro.

Mas é claro que, além dessa, existem muitas outras opções mais viáveis que podemos considerar, simplesmente me sentar no sofá por alguns instantes no final do dia para ler um livro já é bastante relaxante para mim, por exemplo.

A minha dica é:

Mesmo que bata aquele sentimento de culpa quando considerar que gostaria de fazer uma aula de violão para espairecer e ter um momento de autocuidado, faça, teste, veja se isso lhe traz emoções positivas.

Depois de pensar com cuidado em como gostaria de passar o seu tempo pessoal, pense em como você conduzirá a conversa com o seu parceiro.

O momento ideal não existe…escolha o melhor momento.

O melhor momento não é aquele em que a pessoa acabou de finalizar o dia de trabalho, está dando comida às crianças ou colocando-as para dormir. Por mais que a sua ansiedade te torture, contenha-se e inicie a conversa quando vocês estiverem em um momento mais relaxado.

Lembrando que a intenção não é desafiar a outra pessoa, mas conectar-se a ela, faça disso um momento leve e de descontração entre vocês.

Nunca se esqueça de que vocês jogam para o mesmo time, ok?!

Você está ao lado do seu parceiro para que se apoiem, se impulsionem, se ajudem, cresçam e se desenvolvam juntos, e o cuidado com a saúde um do outro também deveria entrar nesse “pacote”.

Isso significa que não faz sentido você iniciar a sua conversa culpando-o de algo ou fazendo críticas, esse tipo de postura apenas o colocará na defensiva. Diga o que você está sentindo, o que tem em mente e pergunte o que ele pensa a respeito.

Simplesmente escute, não é tão difícil assim.

Eu sempre digo a quem eu posso: seja ouvinte quando está na posição de… ouvinte! Se você, teoricamente, está escutando o que a outra pessoa tem a dizer, não faz o menor sentido você ficar pensando no que vai dizer em seguida enquanto ela ainda está falando!

Ou você está dando a sua atenção ou não está.

E se você não escuta TUDO o que a pessoa tem a dizer, a comunicação fica prejudicada e as chances de a conversa não terminar bem aumentam significativamente.

Estamos aqui falando sobre dar e receber, não se esqueça disso.

Ok. Você quer alguma coisa, mas tem que estar disposto a ceder um pouco também. E todos sabemos que, na prática, não é bem isso o que acontece.

A resposta à questão é simples: falta de empatia.

Se você está sentindo a necessidade de ter um tempo para você, é bastante provável que o seu parceiro esteja sentindo o mesmo, por isso considere pensar em atividades que possam fazer bem a ele, das quais ele desfrutaria.

Assim, você pode integrá-lo à sua conversa, mostre que também pensa em seu bem estar e o considera quando faz planos.

Acredite, fazer check ups nos seus relacionamentos são tão efetivos quanto qualquer outro check up

Verdade seja dita: nenhum relacionamento interpessoal é tão simples quanto parece, especialmente quando adicionamos um toque de intimidade a ele.

Quantas vezes você pergunta ao seu parceiro como ele está se sentindo?

Reservar um momento para fazer esse tipo de interação é essencial para manter a conexão e comunicação entre o casal. Não estou dizendo que você precisa agendar uma vez por semana para fazer isso, mas façam sempre que tiverem a oportunidade, nunca deixando um espaço muito grande entre uma conversa e outra.

Eu sempre prezei pela comunicação em meus relacionamentos, com o meu marido eu pratico isso há 10 anos. Quando nos conhecemos ele era muito fechado, para conseguir discutir qualquer coisa com ele eu levava mais de uma semana e esse comportamento começou a nos prejudicar, porque “arrastar” os problemas tornou-se desgastante.

E para conscientizá-lo, eu mostrei a ele que aquela configuração não estava funcionando. Veja bem, eu não briguei, não gritei, não xinguei, simplesmente fui mostrando, em doses homeopáticas e com empatia, as consequências que o seu silêncio estava provocando.

O processo foi difícil? Sim.

Eu sofri no início, no meio e no final? Sem dúvidas.

Demorou? Com certeza, pois estamos falando de mudanças de hábitos.

Mas como eu sempre soube o motivo pelo qual estou com ele, eu não tive preguiça de me dedicar, mas sabia que me arrependeria se não tentasse.

Por mais acostumados que a gente esteja de se comunicar de determinada maneira, e cogitar em fazer qualquer mudança pareça ser algo inconcebível, é possível incorporar novos comportamentos se estivermos inclinados a nos desenvolver, sermos melhores e viver uma vida mais tranquila.

Mudar exige muito de nós, mas sempre que pensar em desistir, lembre-se de que dentro de um ano você estará se comunicando: ou como sempre se comunicou, ou de forma mais empática e clara, e terá afastado de você qualquer dinâmica negativa que estivesse ao seu redor. Vale a reflexão.

10 livros escritos por mulheres que marcaram a minha vida

 

imagens Google

Que tipo de pessoa você é: aquela que gosta de ler ficção ou aquela que aprecia apenas não-ficção?

Apesar de gostar de variar minha leitura é muito mais focada em não-ficção e, quando leio ficção, a história geralmente tem um fundo bastante realista, narrando a trajetória de personagens que poderiam facilmente ser pessoas que poderíamos conhecer na vida real.

Eu optei por trabalhar com desenvolvimento humano justamente porque sempre tive um grande interesse em estudar o comportamento das pessoas, amo a imensidão da diversidade e acredito que isso é o que torna o mundo a nossa volta tão interessante!

Alguns dos livros que trazem essas características marcaram a minha vida e, coincidentemente, foram escritos por mulheres, algumas mais conhecidas, outras menos, mas todas trazem um conteúdo incrível de aprendizado e reflexão.

Independente do tipo de leitor que você é, vale a pena conferir esses títulos, seja para se aprofundar algum assunto, para ampliar suas perspectivas ou simplesmente diversificar sua leitura.

Seja como for, leitura é conhecimento e conhecimento NUNCA É DEMAIS!

Destaque para o fato de que quando terminei esta lista percebi que ela é quase uma volta ao mundo, pois traz autoras do Brasil, Estados Unidos, África, e até Coréia do Sul! Além disso, os livros não seguem uma ordem de preferência, mas cronológica:

1.      CLARICE LISPECTOR – A HORA DA ESTRELA

É o último romance escrito por Clarice Lispector, eu o li pela primeira vez quando estava no ensino médio e fiquei meio obcecada pela história de Macabéa, alagoana de 19 anos que vai morar com uma tia no Rio de Janeiro. A riqueza com que Clarice descreve os personagens e narra os sofrimentos tão reais da jovem me tocaram fundo: órfã, pobre, maltratada, inocente, o livro aborda os sonhos, as manias e os conflitos internos da garota. Sempre atual, é uma história que nos faz refletir sobre a dura realidade de muitos brasileiros, a diferença (e indiferença) entre classes sociais, as diferentes faces das pessoas e o que nos leva a tomar decisões questionáveis no dia a dia.

2.      XINRAN – CARTAS DE UMA MÃE CHINESA DESCONHECIDA

A jornalista Xinran conseguiu abordar de forma gentil e leve um tema que foi bastante polêmico na China por muitos anos: a política do filho único. Com uma narrativa simples, ela faz o leitor refletir e chorar em diversos momentos, pois expõe através de relatos dolorosos o desespero das mães que tiveram de abandonar ou matar suas filhas, ou acabaram se matando por ter de tomar essa decisão.

Xinran, que é muito popular em sua terra natal por dar voz às mulheres chinesas, permite através desse livro que o resto do mundo tenha um olhar mais claro e profundo dos impactos e resultados desastrosos que uma política governamental pode infligir ao seu povo.

3.      SHERYL SANDBERG – FAÇA ACONTECER

COO do Facebook e fundadora do movimento Lean in que oferece apoio profissional às mulheres de todo o mundo através de círculos sociais locais, Sheryl Sandeberg não se constrange em expor todas as situações discriminatórias que enfrentou durante sua carreira pelo simples fato de ser mulher. A leitora consegue se imaginar no lugar dela, enfrentando situações embaraçosas causadas por viés de gênero em diversos momentos, mas Sheryl tira as mulheres do canto da sala e as jogam no centro das discussões dentro das organizações. Para os leitores do sexo masculino, fica a conscientização sobre como esse tipo de discriminação impacta os ambientes de trabalho como um todo e o que pode ser feito para que isso não aconteça.

4.      CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE – SEJAMOS TODOS FEMINISTAS

Um pequeno livro que passa uma mensagem poderosa, Sejamos Todos Feministas é uma adaptação da palestra de Chimamanda no TEDx Euston, em que conta um pouco da sua história, sobre quando ouviu a palavra “feminista” pela primeira vez e o impacto que isso causou em sua vida. Esse livro me deu uma nova perspectiva sobre a forma como as pessoas encaram a igualdade entre homens e mulheres em outros cantos do mundo. Leitura fluida, gostosa e rápida. Vale a pena conferir.

5.      J.K. ROWLING – MORTE SÚBITA

Primeiro livro lançado pela autora após finalizar a saga Harry Potter, surpreende o leitor desavisado que não encontrará nenhum traço de magia nessa história. Ambientado em uma pequena (e não muito pacata) cidade inglesa, o livro mostra os valores conservadores dos moradores de classe média do local caírem por terra quando as verdades sobre os membros da sociedade começam a vir à tona. J.K. Rowling faz uma crítica social inteligente, que constrói em torno da polêmica do enredo principal. A narrativa é feita em terceira pessoa, envolve muitos personagens, é longa e cheia de elementos descritivos bem ao estilo da autora, que eu, particularmente, gosto. Mas é importante avisar que esse livro, ao contrário da saga que a fez famosa, não agrada gregos e troianos.

6.      LEE BAY YOUNG – WOMEN IN KOREAN HISTORY

Minha irmã comprou esse livro quando esteve na Coréia do Sul, alguns anos atrás. É claro que ele imediatamente me atraiu pelo fato de contar um pouco da história e da cultura coreana (da qual sou descendente), e mais ainda por focar na vida das mulheres através das dinastias, principalmente a de Joseon, que fora construída sobre ideais confucionistas que marginalizaram e diminuíram o papel e a importância das mulheres da sociedade coreana do século 18.

A narrativa aborda desde a vida de rainhas ousadas, que detinham o poder e reinavam nos bastidores, até a vida de mulheres simples e reprimidas, que chegavam a decepar o próprio braço se encostassem em um homem, para manter a honra de sua família.

7.      TILAR MAZZEO – A VIÚVA CLIQUOT

Por estar investindo em minha formação como sommelier sou suspeita para falar sobre esse livro, mas ele me surpreendeu de forma muito positiva. Tilar Mazzeo fez um trabalho de mestre destrinchando os poucos documentos que foi possível encontrar sobre Nicole Marie Cliquot, a viúva Cliquot, que transformou o pequeno negócio de vinhos da família em um império após a morte precoce de seu marido no século 19.

Em uma época em que “lugar de mulher era dentro de casa cuidando dos filhos”, Nicole ignorou todas as regras que limitavam a atuação das mulheres, teve apenas uma filha, tomou a frente dos negócios através do aprendizado que seu pai lhe passou, criou a técnica de remuage para fabricação de vinhos espumantes e tornou-se uma das pessoas mais ricas da França.

8.      MICHELLE OBAMA – MINHA HISTÓRIA

Admiradores ou não do casal Obama, essa autobiografia traz informações interessantes sobre os bastidores da política nos Estados Unidos, nos dá um vislumbre do que é viver na imensa Casa Branca, e conta, sob a perspectiva de Michelle, como era a vida das pessoas negras em Chicago nas décadas de 60 e 70. No livro, ela também aborda de forma aberta sobre tudo que pavimentou seu caminho para chegar à Universidade de Harvard, dos valores de sua família, e até da popularidade do seu irmão, que até hoje é seu melhor amigo. Em minha opinião, leitura imperdível.

9.      MELANIA GATES – O MOMENTO DE VOAR

Livro curto, conciso, direto e fluido. Sua leitura nos delicia e impressiona ao mesmo tempo. Melania não tem vergonha de falar sobre seus privilégios, e contar como a vida das pessoas que conheceu viajando por países pobres a chocou e a levou a mudar os rumos de atuação da Instituição que mantém com o marido, Bill Gates. Esse livro mudou a percepção que eu tinha do famoso casal.

10.  RUPI KAUR – OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA

E, para terminar, um livro de poesia! Sei que esse gênero narrativo não é o mais apreciado pelas pessoas em geral, mas Rupi o utiliza como ferramenta para passar sua mensagem de vida, sofrimento, feminismo e empoderamento de forma impactante e leve. Através da poesia ela conseguiu transmitir tudo o que guardava dentro de si e conquistou a posição de um dos livros mais lidos do The New Your Times.

E ai, qual deles vai entrar para a sua lista de leituras deste ano?

Minha Transição de Carreira: quando a gente percebe que não está louca, mas que a vida é!

 

Se fossemos colocar a minha trajetória profissional em um gráfico ele seria mais ou menos assim:

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Quando eu estava prestando vestibular fui convencida de que deveria fazer a faculdade de Direito, porque sempre tive uma escrita muito boa, era ótima numa discussão e sempre defendi meus pontos de vista com bastante segurança e, além disso, o curso de direito “abre um leque de possibilidades”, como se isso fosse suficiente para definir toda a vida de uma pessoa.

Então, eu descartei a faculdade de arquitetura que eu havia considerado, porque amo desenhar, e a de odontologia, porque sempre fui fera em áreas biológicas.

A sociedade, naquela época, pregava que deveríamos fazer uma faculdade mais ‘clássica’, que nos desse mais segurança sobre nossas opções para o futuro e uma carreira promissora. E, apesar de não existir ainda, eu ficava me imaginando em um cenário exatamente como o da série Suits, que é o sonho de todo ‘projeto de advogado’ por aí.

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Quando a faculdade e a vida pós-faculdade não são exatamente o que você pensava

Posso dizer que foram 5 anos bem desgastantes, estudando matérias que não faziam sentido nenhum para mim, batendo perna de fórum em fórum, e sendo, muitas vezes, hostilizada por advogados recém-formados arrogantes.

Saindo da faculdade, fui trabalhar como consultora tributária em uma grande multinacional. Eu não amava o que eu fazia lá, mas gostava da empresa, dos meus colegas e do intenso aprendizado diário.

Eu trabalhava em um ritmo frenético, dormia pouco e vivia estressada. Em 2012, fui alocada para um projeto de outsourcing em uma grande varejista, para ajudá-los no gerenciamento dos processos judiciais tributários da empresa. Eu detestava o trabalho, e o clima organizacional era péssimo.

Fiquei ali durante alguns meses e, nesse período, fui apresentada ao meu futuro sócio, que fez a mim e minha irmã uma proposta para abrirmos uma empresa de importação de produtos médicos. Como sempre quisemos ter a nossa própria empresa, por acharmos que isso se resumia à flexibilidade e retorno financeiro (coitadas!), e eu estava infeliz no trabalho, não tive que pensar muito para tomar a minha decisão.

Não tome decisões quando estiver em um estado emocional negativo

Sem qualquer planejamento, larguei meu emprego e fui dedicar 100% do meu tempo ao nosso negócio. Nossos papéis eram bem definidos: eu cuidaria da parte jurídica e regulatória (Anvisa, Inmetro, etc), minha irmã da parte financeira e nosso sócio da área comercial que era, sem dúvidas, o seu forte.

O problema é que ninguém havia contado para nós (e cometemos o erro enorme de não nos informarmos adequadamente com antecedência) que o mercado de produtos médicos no Brasil não é apenas burocrático, é muito burocrático! Coloquei todas as minhas reservas financeiras na empresa para conseguir fazê-la girar enquanto não tínhamos nenhum produto em mãos, porque as aprovações dos registros de produtos pela Anvisa são muito demoradas.

O tempo passou, e essa rotina foi me desgastando, não apenas pela dificuldade de colocar os produtos no mercado, mas meu sócio estava perdendo o foco, se afastando cada vez mais da empresa (e, portanto, não vendendo como deveria) e eu e minha irmã sofríamos constantemente com o ceticismo por parte dos machistas de plantão no mercado. E posso afirmar para vocês que, quando se sofre esse tipo de discriminação constantemente, manter-se motivada torna-se uma tarefa bastante complexa.

Fiquei na empresa por 7 anos, trabalhando muito, aprendendo muito, mas fazendo tudo isso sem qualquer propósito. Em 2018 atingi o meu limite.

Decidimos mudar somente quando batemos no fundo do poço

É engraçado como conseguimos perceber quando um ciclo termina, a sensação chega a ser física, você realmente não consegue mais levar aquilo adiante e eu sabia que insistir e continuar seria uma decisão estúpida da minha parte, mas isso chegou a cruzar minha mente, porque “desistir” de uma empresa que você fundou é muito difícil, elas são como filhos para nós.

Coincidentemente, nesse mesmo período, estava enfrentando problemas pessoais intensos que, acumulados com os problemas que estávamos tendo na empresa, acabaram culminando em um colapso mental, e tive de levantar a mão e pedir ajuda.

Vendi minha quota parte e, em janeiro de 2019, terminei minha transição. A empresa já não estava mais sob minha responsabilidade. Eu e minha irmã demos as mãos e encaramos esse momento de nossas vidas juntas.

A partir daí…branco total. Eu não tinha a menor ideia do que iria fazer da minha vida. Mas uma certeza eu tinha: iria trabalhar com algo que me trouxesse o mínimo de satisfação, um senso de propósito, de estar fazendo a diferença para alguém nesse mundo!

Decidi que queria trabalhar com pessoas. Eu já estudava temas relacionados ao desenvolvimento pessoal e inteligência emocional há algum tempo e vi como isso foi benéfico para mim, porque me ajudou a enxergar quem eu realmente era, e aonde eu queria chegar como ser-humano e profissional. Minha primeira opção era entrar no mercado como headhunter (sim, decidir voltar ao mercado também não foi fácil) para conseguir aproveitar meus anos de experiência profissional, e comecei a enviar meu currículo para as empresas.

Nesse meio tempo, fui fazer minha certificação como Life Coach, pensando no conhecimento que isso agregaria para minha futura profissão. Então, o inesperado aconteceu: eu simplesmente me apaixonei pelo ofício no primeiro dia de curso e tinha certeza, dentro de mim (sim, podemos dizer que foi uma combinação de intuição com razão) que iria exercer aquela atividade a partir de então.

Em 2019, dediquei-me quase exclusivamente aos estudos e alcancei a certificação como Master Coach pela SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching. Fiz muitos atendimentos de coaching gratuitos e sabia que conseguiria fazer isso pelo resto da minha vida, para mim, todo esse processo fluiu organicamente.

Nessa época, também redescobri meu amor pela escrita, respirei fundo, superei o meu medo de exposição e publiquei meu primeiro artigo no LinkedIn em abril de 2019. A partir daí, passei a dedicar um pouco mais do meu tempo à rede e, em poucas semanas, tornou-se a plataforma que eu mais acesso diariamente. Os textos que eu postava com intervalo de meses um do outro acabaram ganhando frequência semanal no final daquele ano, e hoje eu não consigo passar mais de dois dias sem produzir algum tipo de conteúdo.

Estou recomeçando, de novo, a minha carreira e sempre me pego pensando em como a vida nos conduz por caminhos inesperados, não importa o planejamento que você tenha para o seu futuro. E quando percebo que estou me ‘autoflagelando’ por ter “desperdiçado” tantos anos da minha vida com atividades que não me traziam alegria, penso que só cheguei até aqui justamente por ter passado por tudo isso, por ter acumulado toda essa experiência e por ter tido coragem de confrontar minha própria realidade, por mais dolorido que fosse, e assumir que eu precisava mudar o curso que minha vida tinha tomado.

Hoje, levanto-me da cama todos os dias sentindo a alegria de trabalhar com algo que faz sentido para mim, mesmo diante da incerteza de como será o dia de amanhã e sem carregar aquela pesada culpa de ter chegado aos 30 anos sem ter conquistado todas as coisas que eu imaginava que teria com essa idade (ou que me cobrava para ter com essa idade). E tudo bem!

Com o tempo, se olharmos de perto, percebemos que não somos tão pirados assim, mas que vida com certeza é muito louca, e devemos aprender a desfrutar dela em todas as suas formas!

giphy.com