Entenda como 5 dos gatilhos que mais causam conflitos no trabalho podem te ajudar a ser um líder melhor.

 

Rafaela está gerenciando um novo time e percebe que um dos membros, João, está com dificuldades para fazer a entrega dos trabalhos. Ocorre que João é um dos membros mais seniores da equipe, uma pessoa com quem ela precisa contar para atender as intensas demandas da área.

Apesar de terem conversas de alinhamento constantes, Rafaela não consegue ter clareza do que realmente está motivando o comportamento de João e, com a intenção de aliviar a sobrecarga que ele diz estar sentindo, ela responde um dos e-mails que havia sido endereçado aos dois, mas cujo assunto ele costumava tratar.

Quando Rafaela procurou João para conversar sobre uma outra tarefa, João agiu de forma grosseira e indiferente, deixando-a confusa, pois ele estava adotando um péssimo comportamento enquanto tudo o que ela estava tentando fazer era ajudá-lo.

O nosso cérebro organiza as informações através de um princípio básico de AMEAÇA ou RECOMPENSA. Contudo, além de usarmos mais recursos cerebrais para lidarmos com uma “ameaça”, nossa capacidade de resolução de problemas fica reduzida e nossa criatividade fica prejudicada.

Além disso, nossos cérebros interpretam as “ameaças sociais” da mesma forma que as ameaças mais “reais” – como uma demissão ou ter uma arma apontada para você. No mesmo sentido, as “recompensas sociais” como elogios, podem ser tão eficazes quanto oferecer benefícios financeiros ou uma promoção.

Em 2008, David Rock propôs o Modelo SCARF, acrônimo em inglês para as palavras status, certeza, autonomia, relação e justiça. O que torna esse modelo neuro científico importante é a sua utilização nas relações interpessoais, pois ele trabalha com o que o cientista considera os 5 principais gatilhos sociais:

STATUS – Quando sentimos uma ameaça ao nosso status, nosso cérebro desencadeia a mesma resposta dada à dor física; por isso é realmente importante dar reconhecimento às pessoas, em todos os níveis. Ex. reconhecer a excelência em uma habilidade específica de um membro da equipe.

CERTEZA – Quando você segura um lápis, o seu cérebro estima o que acontecerá em seguida com base em suas últimas experiências. Se algo estiver diferente, o cérebro entenderá aquilo como um ‘erro’, e manterá sua atenção no assunto até que a incerteza seja resolvida. Daí a importância de manter sempre comunicações claras.

AUTONOMIA – Se sentimos que não temos controle sobre o meio, podemos ficar estressados. Quando somos capazes de tomarmos decisões no trabalho, nosso cérebro gera uma sensação de recompensa.

RELAÇÃO – O pertencimento é uma necessidade humana básica. O relacionamento entre as pessoas está intimamente ligado à confiança que uma deposita na outra, o que é fundamental para uma colaboração eficiente.

JUSTIÇA – Aumentar a transparência, melhorar a comunicação e garantir que regras básicas sejam claramente definidas e compreendidas podem ajudar a estabelecer ações e visões acordadas, e diminuir o senso de injustiça.

O SCARF, como dito anteriormente, abrange 5 domínios da experiência social que o cérebro trata da mesma forma que as questões de sobrevivência, ou seja, essas reações são todas “primitivas”. Por isso, o modelo ajuda a explicar por que pode ser tão difícil controlar algumas das nossas reações emocionais.

Sendo instintivas, infelizmente, não podemos simplesmente rechaçá-las, é necessário lapidá-las, e isso só pode ser feito identificando o impacto desses 5 elementos em nossa vida, pois quando temos mais controle sobre nossas emoções conseguimos impedi-las de prejudicar nossos esforços.

Na história que contei acima, se a Rafaela tivesse conhecimento do modelo SCARF, talvez ela tivesse conseguido perceber que João não estava simplesmente tendo um comportamento difícil, ele se sentiu “ameaçado”. A forma como ela gerenciou a situação fez com que ele se sentisse “inútil” e “passado para trás”, ao invés de se sentir apoiado por ela.

Ao adotar um comportamento no sentido de evitar desafiar o “status” do outro, Rafaela poderia ter oferecido mais autonomia ao invés de ter feito o trabalho de João, e poderia ter aprofundado o conhecimento que ela tinha sobre as dificuldades dele de fazer entregas e se organizar, através do desenvolvimento de rapport, inteligência emocional, uso de comunicação eficaz, transparência e técnicas de coaching.

Precisamos pensar em como aqueles com quem trabalhamos (e convivemos) são afetados por tudo o que falamos e fazemos, isso ajudará a desenvolver melhores líderes e membros de equipe.

Ao focar no SCARF desenvolvemos nosso potencial de reduzir conflitos, melhoramos o desempenho da equipe, aumentamos o envolvimento dos stakeholders e trabalhamos para nos tornarmos líderes mais eficazes.

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