A MOTIVAÇÃO CAUSADA PELA INVEJA QUE NINGUÉM QUER ENXERGAR

Muitas são as teorias sobre o que gera motivação nos ambientes de trabalho, sobre como compreender as necessidades e desejos do seu liderado podem conduzi-lo a agir desta ou daquela maneira, enfim, o campo de análise sobre o comportamento organizacional é bastante vasto nesse sentido.

A inveja, por sua vez, desempenha um papel dominante na sociedade como fator de motivação desde os primórdios, mas falar sobre ela hoje é, nitidamente, um tabu, principalmente nos textos que falam sobre gestão. Ocorre que, ter uma melhor compreensão do que gera a inveja é extremamente útil pois confere mais realismo aos estudos sobre motivação do comportamento humano nas organizações.

Nicolas Fouquet, foi um dos ministros das finanças de Luís XIV durante seu reinado no século XVII. Fouquet vivia e contemplava a beleza e o prazer em todas as formas e, um dia, decidiu dar uma festa magnífica em homenagem ao rei em sua deslumbrante propriedade, um dos castelos mais bonitos da França. Contudo, o que era para causar agrado acabou tornando-se alvo de inveja por parte de Luís XIV e outras personalidades, levando à abertura de um inquérito sobre irregularidades financeiras contra Fouquet para averiguar como ele conseguia manter um estilo de vida tão luxuoso. Nicolas foi preso e condenado à prisão perpétua, morrendo 19 anos mais tarde, em uma fortaleza em Savóie, nos Alpes Franceses.

As ações do rei, motivadas pela inveja, foram a ruína de Fouquet. Porém, nunca ninguém se atreve a confessar que sente “aquilo que não pode ser nomeado”, pois reconhecer sua presença equivale a admitir um sentimento de inferioridade e hostilidade, que podem ser destrutivos. Nós nos ressentimos com as pessoas pelo que elas têm, pelo que nós queremos, ou pelo que nós sentimos que merecemos, isso porque, de acordo com Helmut Shoeck, “o homem experimenta uma grande necessidade de igualização”. No ambiente de trabalho, a equidade existe quando os indivíduos percebem que o coeficiente de seus esforços sobre suas gratificações é equivalente à de outros colaboradores em posição semelhante.

A inveja tem o poder de transformar pequenos desentendimentos em homéricas brigas irracionais por “justiça”. Isso não apenas desvia a atenção do que é mais importante no trabalho em si, como também demonstra o que acontece quando baseamos nosso senso de “bem-estar” na frequência com que nos comparamos aos outros, ou no tempo que perdemos tentando impedir que os outros se comparem a nós.

Já pararam para pensar na situação paradoxal que a inveja causa: falar sobre ela é um tabu, mas normalizamos sua presença em nosso dia a dia, o que tem nos tornado cada vez mais destrutivos.

Para evitar que a inveja gere uma cultura de comparação em sua equipe ou em qualquer contexto, o primeiro passo é o AUTOCONHECIMENTO, entender e perceber nossos próprios comportamentos invejosos, para que seja possível manter atitudes coerentes. Muitas pessoas associam a inveja a emoções de adolescentes imaturos, mas não é! E torna-se tóxica quando cultivada (ou negligenciada), principalmente, por líderes em uma organização. Quando identificar o sentimento de inveja surgindo faça-se 3 perguntas:

      1. O que eles têm que fazem com que eu me sinta inferior?
      2. Qual o vazio que sinto que precisa ser preenchido?
      3. O que aconteceria se eles não tivessem isso que eu quero?

Da próxima vez em que se sentir preterido para encabeçar determinado projeto e começar a odiar o seu chefe por achar que ele pensa que a outra pessoa é mais competente que você, e a diminuir as qualidades da pessoa que ocupará a posição que você gostaria, procure seu chefe e questione-o sobre sua decisão. É bastante provável que você descobrirá que as teorias que criou em sua mente não fazem o menor sentido.

Foque sua atenção no que você pode controlar (a interpretação dos motivos que levaram seu chefe a fazer determinada escolha), ao invés de focar em algo sobre o qual não possui nenhum controle (as motivações do seu chefe), seja gentil e, acima de tudo, viva de acordo com os seus valores.

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