O mercado de trabalho para as mulheres está mesmo evoluindo?

 

Hoje, lendo o jornal pela manhã, me deparei com uma matéria na seção de carreiras com o seguinte título: Ter filhos é terrível para o salário das mulheres. Obviedades à parte, a matéria afirma que um estudo da Universidade de Chicago apontou que a diferença salarial entre homens e mulheres começa a aumentar um ou dois anos depois que a mulher tem seu primeiro filho.

A matéria afirma também que a maior parte da disparidade salarial entre gêneros pode ser atribuída às “mulheres que trabalham um pouco menos que os homens”, isso porque, muitas vezes, as mulheres acabam se afastando da carreira quando o cuidado com os filhos se torna mais exigente e porque – pasmem – elas ainda cuidam mais das tarefas domésticas, e todas essas responsabilidades acabam distanciando-as do trabalho remunerado.

Essa notícia me chamou mais a atenção por eu já estar, há alguns dias, bastante incomodada com o comportamento das empresas com relação às mulheres no mercado de trabalho. Nos últimos seis anos, me dediquei a um trabalho em uma área predominantemente masculina, repleta de empresários com perfis bem marcados, e na maior parte do tempo era vítima do descrédito dos clientes simplesmente por ser uma jovem mulher em um mercado repleto de “macaco velho”.

Atualmente, já não trabalho mais nesse mercado e estou passando por uma transição de carreira. A primeira entrevista que fiz para uma empresa de consultoria este ano sinalizou que a minha recolocação no mercado não seria nada fácil: o gestor que me entrevistou não escondeu seu ceticismo quando me questionou quantos anos eu tinha, e em seguida se eu era casada: BOOM. Combinação explosiva.

Tenho 32 anos, sou casada e a minha opção e a do meu marido de termos filhos não deveria ser motivo de questionamento em uma entrevista de emprego. Mas é, e sabe por quê? Porque aparentemente a maioria das empresas não quer correr o risco de contratar uma mulher com alto potencial de engravidar, mesmo que isso não faça parte dos planos de sua família.

Apesar de saber que em meu restrito núcleo de amigos e familiares mais próximos o equilíbrio das finanças e responsabilidades familiares é majoritariamente igualitário, essa é uma amostragem minúscula da forma como as famílias estão se reorganizando em pleno século XXI. Então você percebe que a evolução caminha a passos de formiga, inclusive nas organizações empresariais, que desempenham um papel fundamental nesse movimento.

Mudar a mentalidade das pessoas é muito difícil, trata-se de uma longa estrada até seu destino final, principalmente quando envolve uma cultura secular. Enquanto as empresas não mudarem sua visão e seu posicionamento com relação a questões familiares e tratar o homem e a mulher como igualmente responsáveis pela criação de seus filhos – que sim, são muito importantes para o desenvolvimento e o futuro da sociedade – as mulheres vão continuar vivendo em desvantagem no mercado de trabalho, e vamos continuar lendo manchetes como a do início do texto.

Adoraria ouvir a opinião de vocês sobre o assunto.

 

Deixe um comentário