O que a forma como cozinha seus ovos diz sobre você

Fonte: pxhere

Alguns dias atrás, em um final de semana, fui para o interior ver minha família (e meus cachorros, claro) e acabei jantando na casa da minha tia, cuja cozinha é praticamente comunitária. Como as casas são uma ao lado da outra, quando não tem comida em casa sempre temos a opção de assaltar a geladeira da minha tia, que tem uma energia “casa de vó”, se é que me entendem.

Nesse dia especificamente, estávamos eu, minha irmã, meu cunhado e ela. Minha irmã optou por comer um frango ao molho shoyu com arroz, que havia sobrado do almoço, meu cunhado comeu um pãozinho mesmo e, para mim, minha tia fez uma omelete com ovos caipiras, trazidos fresquinhos pelo meu tio da chácara, e que são os melhores ovos do mundo na minha opinião.

Enquanto conversávamos sobre os últimos e mais recentes acontecimentos de nossas vidas, minha tia cortava tranquilamente uma cebola, em pequenos cubinhos. Depois foi a vez do tomate, também em pequenos cubinhos. Eu fiquei o tempo todo observando, quase hipnotizada. Quando terminou, ela quebrou os ovos, bateu-os em uma tigela e jogou a mistura na frigideira em fogo baixo. Os ovos foram cozinhando lentamente, e então ela jogou as cebolas e tomates que havia picado por cima da massa meio cozida, enquanto mexia suave e delicadamente com uma colher. No final, recebi uma deliciosa omelete com recheio de cebolas e tomates, impecável.

Minha tia não estava tranquila apenas aquele dia, ela sempre cozinha com muita tranquilidade, assim como minha avó costumava fazer. Então lembrei-me de como funcionava a minha culinária no dia a dia: nada de omeletes, apenas ovos mexidos, porque é obviamente mais rápido e menos trabalhoso. Acostumei-me tanto a comer e cozinhar correndo que não tenho paciência de ficar na cozinha por um período mais longo do que 15 minutos. Não estou brincando.

Tenho plena consciência de que essa falta de paciência é um hábito ruim que tenho que mudar, mas como você sabe, sair da zona de conforto é bastante difícil, até para uma coach. Infelizmente, para a minha geração e as gerações seguintes, tudo deve ser feito e entregue para ontem. Não nos damos ao trabalho de sequer picar uma cebola, quebramos apenas os ovos porque estamos atrasados para o próximo compromisso. Não apreciamos nenhum momento, não nos permitimos saborear alimentos e situações porque sempre há algo mais ‘urgente’ para fazer, afinal, a informação não para de chegar em nossos smartphones.

E com essa pequena história deixo para vocês a simples indagação:

Quem você quer ser em sua vida: aquele que faz a omelete ou aquele que sempre se contentará com ovos mexidos?

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